Quando falamos no uso de tecnologia inteligente e sustentável, logo pensamos na descoberta mais recente para reverter os danos ao planeta e priorizar a continuidade da existência humana. Só que novas formas de pensar e agir sempre estiveram presentes na raça humana. Assim, exemplos de tecnologias engenhosas sempre existiram e esperamos que existam sempre.
Exemplo disso é uma das utilidades domésticas presente em quase todas as residências do planeta, a geladeira, cuja concepção foi desenvolvida no Oriente Médio, por volta do século 4 a.C., por antigos persas. Não chegava a ser “uma Brastemp” como a que usamos atualmente, mas o yakhchal funcionava como um cooler eficiente.
No entanto, , o yakhchal não era, há 2,5 mil anos, um eletrodoméstico, mas sim uma construção que, acima do solo, parecia um domo arredondado de argila, mas contava com um grande espaço para depósito abaixo da superfície. Essa instalação era construída para armazenar gelo no deserto, mas muitas vezes também conservava alimentos por longos períodos.
Como funcionava o yakhchal?
Um yakhchal típico é um edifício com cerca de 18 metros de altura que tem no subsolo grandes espaços para armazenamento. Os principais exemplos ainda existentes apontam para uma capacidade de seis mil metros cúbicos. As câmaras subterrâneas de sistemas de resfriamento evaporativo funcionam por meio de coletores de vento e águas de nascentes próximas trazidas por canais (qanats).
A água absorve o calor do ambiente e evapora, reduzindo a temperatura ambiente. A sensação no interior do yakhchal é a de que você está dentro de uma câmara frigorífica. As paredes são construídas com um tipo de argamassa especial que fornece superisolamento e proteção ao sol quente do deserto. O material é uma mistura de areia, argila e outros elementos, como clara de ovo e pelo de cabra.
As trincheiras no subsolo eram construídas para coletar toda a água saída do gelo derretido. Esse volume de água era então recongelado à noite, quando as temperaturas no deserto caem abaixo de zero. Com isso, guloseimas geladas podiam ser fornecidas para a realeza, altos funcionários do estado, e até mesmo para alguns segmentos mais pobres da sociedade persa.