A seguir, Julia Curan, consultora da WGSN Mindset – líder global em previsão de tendências de estilo de vida –, aponta o destino das novas carreiras e quais habilidades elas exigirão de quem se candidata a uma vaga.
O comportamento das novas gerações permite mapear o que podemos esperar do cenário profissional nos próximos anos. É o que mostra o estudo inédito Futuro do Trabalho, da WGSN em parceria com o LinkedIn.
A pesquisa traçou um panorama das alterações de carreiras que devem ocorrer no mercado e nas escolhas dos consumidores.
Para Julia Curan, consultora da WGSN Mindset, braço responsável por projetos e levantamentos customizados da empresa, mas o resultado ressalta ideias que prometem sacudir as carreiras tradicionais desde o ensino até o desenvolvimento de habilidades específicas e a apropriação da tecnologia no dia a dia. O futuro já começou.
O que podemos esperar dos carreiras daqui para a frente?
A tecnologia passou a fazer parte de nossa vida de um jeito que nunca havíamos visto. Se o mundo mudou e o trabalho vai mudar, as competências exigidas tambem serão outras. Chegamos a três premissas essenciais: a importância do caráter humano para interpretar informações e sistemas; a sintonia entre o físico e o digital; e o protagonismo das aptidões humanas.
A primeira tem a ver com a necessidade de ter alguém para analisar o que é produzido pela inteligência artificial. Estima-se, inclusive, que ela deve criar mais vagas até 2020 do que eliminar – diferentemente do que muitos temiam. Além disso, a possibilidade de usar a tecnologia para produção de bens materiais, como faz a impressão 3D, permite suprir mais rapidamente nossas necessidades.
Por último, temos a valorização de características humanas insubstituíveis, como empatia e colaboração.
Como as escolas e as universidades estão se preparando para isso?
O Fórum Econômico Mundial estima que 65% das crianças que estão hoje no ensino fundamental vão ter empregos que ainda nem existem. Por isso, o jeito tradicional de ensinar vem sendo colocado em xeque. As escolas têm incluído a gameficação e design thinking na grade.
No Brasil, temos casos de instituições que usam o método da meditação da atenção plena como maneira de trabalhar habilidades físicas e mentais. Também observamos que as lições de empreendedorismo estão sendo abordadas em acampamentos lúdicos. Nas faculdades, a preocupação é com o lado socioemocional do aluno, para que ele tenha sua saúde mental como prioridade.
É o caso da Universidade Yale, que criou um centro para inteligência emocional com programas para pesquisar como treinar o controle dos sentimentos.
De que modo os millennials e a geração Z interferem nos padrões de comportamento profissional?
Sempre há ruptura de uma geração para outra, mas elas vão coexistir em um mercado em transição. Os millennials são filhos nascidos durante o Plano Real, momento em que o Brasil era uma promessa econômica.
Por isso, apresentam traços rebeldes. São líderes contrários às hierarquias rígidas, que não enxergam a estabilidade na construção da carreira como algo valioso. Há quem os considere ainda uma geração financeiramente desorganizada e que não se prepara a longo prazo porque as coisas parecem fáceis de ser alcançadas.
Já a geração Z veio em um período de crise e vai tentar resgatar algumas tradições, como a permanência por mais tempo nos mesmos lugares e a valorização do contato humano em detrimento do digital.
Em termos de cultura empresarial, o que tende a surgir ou continuar?
A transparência, a cordialidade e o cara a cara sempre ficarão. São experiências que traduzem os valores humanos.
A diversidade vira regra e a separação entre vida pessoal e profissional deixará de existir. Vejo uma onda de positividade, porque a sensibilidade tende a ser cada vez mais valorizada de acordo com os passos da geração Z.