[Resenha] The Killing II

Redação

Sarah Lund e o seu parceiro continuam no centro dos acontecimentos: ele é o crédulo, o que se deixa levar pelas aparentes evidências; ela é, por assim dizer, o cérebro da equipa, e não se deixa convencer pelas mesmas, sempre que alguma coisa não parece bater certo. Paralelamente ao desenvolvimento do caso, a relação entre os dois, que ao início foi bastante complicada, é um dos aspetos bem desenvolvidos nesta segunda metade e que dão uma maior humanidade à história. A própria personagem de Sarah vai sendo mais explorada à medida que a história avança e cativa pela complexidade que apresenta.

A leitura foi igualmente viciante, e as páginas voam sem que praticamente nos demos conta. O caso policial, que é a grande estrela desta história, é muito interessante e bastante complexo. Penso que o autor (ou os argumentistas da série em que o livro se baseia) exageraram um pouco no plot device de fazerem crer que o culpado era um quando afinal isso não era verdade. Aconteceu demasiadas vezes e tirou um pouco de credibilidade à história, na minha opinião. Contudo, a parte positiva é que afastou a previsibilidade que muitas vezes é o calcanhar de Aquiles de alguns livros dentro do género.

Eu nunca li um policial que tivesse tantas páginas e logo imaginei que seria uma carnificina danada, mil pessoas morrendo, uma busca frenética por um Serial Killer, etc. Eu estava pronta para encontrar esses fatores na leitura e me deparei com algo completamente diferente e MUITO, MUITO melhor. THE KILLING traz duas narrativas paralelas, que quando se chocam nos tiram o fôlego. De um lado temos o estupro e assassinato de uma linda jovem de 19 anos; do outro, dois homens concorrendo para prefeito da cidade. Pronto, não me importava mais o que o livro apresentaria, só o fato de ele trazer assassinatos e política, fez com que, imediatamente, fosse para minha lista de favoritos.

O lado policial da trama foi extremamente bem embaralhado e cheio de diversas e confusas pistas. Uma hora desconfiávamos de um personagem, outra hora de outro, e olha que são quase 40 (!), e o mais interessante é que a própria polícia estava tão perdida quanto o leitor. Os investigadores vão cometendo erros atrás de erros, falhas atrás de falhas e deixando passar coisas importantes por estarem com o foco sempre em alguém, sempre em alguém errado, rs, mas é extremamente prazeroso ler como eles vão minuciando tudo acerca de determinado personagem até fazê-lo sair da linha de suspeita.

Eu adorei a dupla de investigadores, apesar de Sarah muitas vezes me irritar. Ela é extremamente dada ao trabalho, não dá atenção a sua vida pessoal e por diversas vezes percebemos que ela negligência o próprio filho. Claro que sua força de vontade para descobrir o assassinato de Nana é admirável e torcemos por ela, mas nem por isso deixamos de observar as falhas que a personagem possui. Já Jan, seu parceiro, fez com que eu não formasse uma opinião exata sobre ele. Algumas vezes eu adorei, outras o odiei, algumas o achei grosso e outras queria que ele partisse para porrada.

O livro vai trazendo à baila diversos pontos de vistas do como e por que o crime poderia ter sido cometido, e, quando ele se mistura a história política, fica ainda mais interessante. Eu amo política, e confesso ter adorado ver a forma como os dois candidatos a prefeitura da cidade se digladiavam. Confesso também que ADOREI um desses políticos (não vou dizer qual para não influenciar quem ler). Ele sempre me pareceu correto, determinado e nada corrupto, mas claro que houve um momento que passei a achá-lo completamente certinho, e que algo estranho ele deveria ter.

A realidade é que eu já estava como a polícia, estava atirando para todos os lados e considerando qualquer um suspeito. Até os personagens que eu havia simpatizado caíram na minha teia de suspeitas. Então resolvi que até o final apostaria em dois deles, tinha que ser um dos dois. Quando cheguei um pouco para frente da página 500, o assassino foi revelado, e eu dei mil pulos, porque era um desses dois em que eu havia apostado. Ao mesmo tempo pensei que faltavam mais de 250 páginas para terminar o livro, e que teria algo a mais. Dito e feito, lá para frente descobri que foi mais um engano da polícia (e meu também, rs).

Ok, personagens todos a solta novamente, e eu tinha que apostar em alguém, optei pela minha segunda opção e… ERREI! Por final, o livro traz como culpado um personagem que jamais imaginei e motivos gloriosos. Adorei a forma como HEWSON explorou cada um dos personagens, suas fraquezas, o passado, suas mentiras, suas personalidades.

Até agora fiquei falando sobre o lado policial e político da trama, que são os pontos principais da narrativa, mas THE KILLING é bem mais que isso. O livro fala de amor, amizade verdadeira, cumplicidade, vingança, laços de família, medo, covardia, etc.

O final foi majestoso e magnífico. Adorei cada pedacinho do livro, mas as razões para o crime foram verdadeiramente tristes, cheguei até a me emocionar. Passei a madrugada em companhia de THE KILLING, pois sentia uma vontade extrema de poder terminá-lo, e só posso dizer: VÃO LER! JÁ! AGORA! NESSE MINUTO! É incrível, grandioso (em todos os sentidos), e ao mesmo tempo emocionante. Vale MUITO à pena!

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