[Resenha] Um trono negro (Três coroas negras – Livro 2)

Redação

Preciso começar falando uma coisa muito importante: esta história tirou noites (ou parte delas) de sono da minha vida. Apenas isso. Sério. Assim que acabei de ler o primeiro livro a única coisa que eu conseguia pensar era que precisava começar o segundo. E engoli ele. Foi tudo tão intenso que não sei distinguir o que aconteceu no primeiro e o que aconteceu no segundo. As coisas se misturaram na minha cabeça. É como aquela sensação que temos quando maratonamos alguma série e depois já não conseguimos distinguir se determinada coisa aconteceu no terceiro ou no quinto episódio. Vira tudo um grande volume único.

Mas vou tentar separar as coisas aqui. Paramos no momento em que Arsinoe descobre que é uma envenenadora (ninguém viu isso chegando? Comecei a suspeitar quando ela e Katherine não desenvolviam por nada suas dádivas e Katherine tinha uma ligação um pouco profunda com aquela cobra). Que final não é mesmo meus amigos. A autora jogou a bomba no nosso colo e ficou por isso mesmo.

Mas voltando. Arsinoe descobre que é envenenadora, Mirabella está começando a duvidar de seu destino já determinado de virar rainha, afinal não imaginava que as irmãs fossem tão poderosas como (fingiram ser) na Cerimônia da Aceleração, e Katherine é considerada a Rainha Morta-Viva, (Pietyr a jogando na Fenda de Mármore, lembra disso? O próprio cara que gostava dela, fiquei chocadíssima). As três rainha tiveram suas crenças completamente transformadas e isso é muito legal porque faz com que elas evoluam ao longo da narrativa. É tão chato quando os personagens vivem a história e chegam no final dela quase da mesma forma que começaram.

O Ano da Ascensão então havia começado e as irmãs precisam se matar, agora com um relógio cronometrando o tempo passando atrás delas. E por causa disso, elas precisam se encontrar muito mais vezes . Esses momentos eram os que eu mais gostava. Torcia intensamente para elas se lembrarem de sua infância e se tornarem amigas. Eu queria que elas dessem as mãos e resolvessem dar uma grande banana para essa tradição tão violenta e cruel.

Outra coisa que me deixa impressionada é a criatividade da autora. Os elementos do mundo que ela criou são muito bem pensados e as coisas são mostradas na hora certa. Está tudo amarrado e as pontas soltas que ela deixa eu acho que serão fechadas nos próximos livros. Ainda existem algumas coisas que não ficam esclarecidas (como o que vive na Fenda de Mármore. Aquilo foi chocante). O que é bom na verdade porque ficamos curiosos para continuar lendo. Só não pode acontecer de ela esquecer de fechá-las e a saga acabar com várias coisas não explicadas. Aí sim não vai ser nada legal.

A força feminina nesse livro é inegável. Meu Deus, quantas mulheres poderosas. A Ilha gira em torno delas, da Deusa, das rainhas esquecidas. As mulheres não precisam ser frágeis ou submissas, são guerreiras e comandantes. A feminilidade está na força, seja física ou mental. Já os homens, desempenham um papel secundário em tudo. Billy, Joseph e Piyetr) são os que têm mais destaque e mesmo assim estão sempre atrás das rainhas. Porém, preciso apenas confessar que Billy se tornou meu favorito e amei a amizade que ele criou com a Mirabella, ainda que ele prefira a Arsinoe.

Mirabella é a rainha que eu mais gosto e minha personagem preferida. Nesse livro então ela encontra uma nova forma de ver a realidade que vive e apesar de ser a mais forte das irmãs, suas emoções ainda tomam conta dela com frequência, o que a torna mais humana e relacionável. A mudança de Katherine também me chocou. Ela foi para um lugar macabro dentro de si e ficou completamente alterada. A vingança era tudo que ela queria. As demonstrações de poder que ela arquitetou me surpreenderam, afinal, ela era a mais fraquinha no primeiro livro. O jogo mental que ela vivia, revelado ao longo da história, me fez simpatizar com ela em certa medida, mas ao mesmo tempo ficar com raiva também. Quero muito ver como a autora vai desenvolver esse conflito interno que ela vive.

Agora, precisamos falar do elefante na sala. O relacionamento de Joseph, Jules e Mirabella. Deve ter sido uma tentativa da autora de criar um triângulo amoroso, mas ela mesma viu que o trem não deu certo. Porque não deu mesmo. Foi uma parte da história super mal desenvolvida e jogada de forma aleatória. Fora que o fechamento que ela levou não fez muito sentido não. Fiquei um pouco decepcionada com isso, porque a escrita da autora é tão boa. O romance de Billy e Arsinoe, para mim, já é singelo e suficiente para o enredo. Mas fazer o que, tem gente que adora umas histórias de amor assim.

Queria dizer que a autora melhorou o nível de dinamicidade na escrita e a leitura fluiu super bem, nem vi o tempo passar. No primeiro, as coisas demoraram um pouco para acontecer porque os capítulos alternados entre as rainhas ainda estavam contextualizando a história (e isso demorou muitas páginas, se você me perguntar). Mas nesse não. Como as histórias delas já estavam mais entrelaçadas ficou mais dinâmico. A gente se envolve muito com os personagens e fica querendo cada vez mais estar dentro da história. As alianças formadas, as estratégias desenvolvidas, tudo envolve um jogo político instigante. Eu quero ver um pouco mais da dádiva da Guerra e da Maldição da Legião. Sinto que esses pontos foram pouco explorados até agora.

Por fim, o final novamente foi de deixar os cabelos em pé e o mais triste é que o terceiro livro ainda não foi lançado no Brasil (Globo Alt, vamos agilizar o processo, mores?). Resta-me dizer que estou ansiosa para voltar para a Ilha e ver o andamento da vida das Três Rainhas. Espero que vocês possam entrar nessa comigo.

P.s. Só eu que acho que Fennbirn coexiste com nosso mundo e que os continentinos são de fatos caras dos países que conhecemos mesmo? Fiquei super com essa impressão e se for isso vai ser muito sensacional. Imaginem se acontecer de alguma rainha ir conhecer o continente, chegar em uma sociedade em que as mulheres são tão oprimidas e que não tem magia? Acho que ela ia acabar querendo voltar pra Ilha, mesmo que para isso tenha que enfrentar alguma irmã louca a querendo matar.

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