[Resenha] Okko. O Ciclo Da Terra

Redação

O ronin Okko continua suas peregrinações pela mítica terra do Pajão, junto a sua fiel trupe: O misterioso – e definitivamente não humano – Noburo, o monge beberrão Noshin e o jovem Tikku, recém admitido neste peculiar grupo de caçadores de demônios, como vimos no volume anterior. Ao chegarem na Cidade da Pólvora o grupo é atacado por estranhos monges portando o misterioso símbolo do corvo, emblema de uma funesta ordem que ninguém parece conhecer.

Okko decide empreender uma perseguição em meio a montanhas inóspitas, indo a recessos cada vez mais remotos. Com o auxílio da guerreira Ceifa-Vento a guiá-los pelas montanhas, logo eles se embrenham cada vez mais entre as Cordilheiras dos Sete Monastérios, passando por vários perigos e dificuldades sem nunca localizar a tal Ordem do Corvo. Até que os monges misteriosos vêm ao encontro deles e o grupo do ronin descobre o tamanho da ameaça, que pode pôr em risco todo o Império….

Esse é o segundo de quatro volumes, ou Ciclos, e Okko só melhora! A arte de Hub, nome artístico de Humbert Chabuel, está ainda mais fantástica, se é que dá pra dizer isso de um artista que impressionou tanto logo no primeiro volume da saga. Não sei por onde começar a elogiar a versatilidade de Hub: Se na ambição em elaborar cenários admiráveis, na variedade e diversidade como fisionomista ou se na criatividade para desenvolver máquinas e criaturas.

A história só melhora. Se no Ciclo da Terra, o volume anterior, a história ‘agarrava’ em algumas partes, aqui nem isso! Mesmo as páginas cheias de recordatórios e flashbacks fluem maravilhosamente. Hub conta sua história principal em forma de um grande flashback rememorado pelo já idoso Tikku, que aos poucos vai nos revelando o que aconteceu enquanto fazia parte do grupo de Okko muitos anos antes.

Paira sobre a história uma expectativa de desastre que se prenuncia em algum momento dos próximos dois volumes, mas assim como o passado e origem do monstruoso Noburo, que o autor não tem a menor pressa em revelar (se é que o fará), o timing que Hub optou por dar à sua saga é magnífico; nem arrastado, nem apressado demais. Além disso não dá pra deixar de comentar, mais uma vez, o samba do japonês doido que é ler Okko: Hub consegue mesclar samurais, elementais da natureza, mechas de batalha low tech e até mesmo zumbis(!!!) em uma trama que tem tudo para ser confusa e rocambolesca, mas que assim como em Hellboy, tem aqui uma conjunção de tantos elementos aparentemente díspares se configuram e se misturam no caldeirão, resultando numa HQ fantástica, com alto teor de entretenimento.

Me permiti “frear” a leitura do gibi só para não terminá-lo tão rápido assim. Okko é um refinado saquê servido com muita delicadeza por uma gueixa atenciosa, e como tal você não sorve tudo de uma talagada só! Entre a história rica e bem estruturada e a arte segura e cheia de detalhes, Okko é um gibi pra ser lido sem pressa. Não é preciso chegar ao final da saga para perceber que Okko é um dos melhores títulos da linha Gold Edition da Mythos, e aguardamos com apreensão os dois volumes finais.

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