[Resenha] A rainha do castelo de ar: 3

Redação

Depois do final empolgante de A menina que brincava com fogo, foi impossível começar a ler o terceiro volume da série um pouco tensa. Com a hospitalização de Lisbeth, as acusações contra a nossa “mocinha às avessas” formam uma lista enorme – e cabe a Mikael Blomkvist encontrar as provas necessárias para inocentá-la.

A trama toda começa no momento em que Mikael, ou Super Blomkvist, vai ao resgate de Lisbeth, que além de ter tomado um tiro, foi enterrada viva pelo capanga de seu pai, Ronald Niedermann. A situação vai ficando cada vez mais complicada, quando o serviço secreto sueco tenta abafar o caso e ainda colocar mais uma acusação na lista de Lisbeth. Sabendo da verdade, Mikael praticamente sai em busca da polícia para ensiná-los a fazer seu trabalho, mas como sempre, há mecanismos por trás das forças que deveriam garantir a justiça que acabam atrasando ou distorcendo tudo. Com isso, ele vai atrás da redação da Millennium para conduzirem uma investigação que vai tentar livrar a cara de Lisbeth dos anos atrás das grades numa clínica psiquiátrica.

Eu nem consigo começar a fazer uma avaliação desse livro, porque odeio falar dos livros que eu gosto demais, mas vamos lá. Existe uma parte ruim de falar dos personagens da continuação de um livro, porque os principais estão bem consolidados e os sentimentos em relação a eles já foi sendo construídos nos volumes anteriores, mas vamos combinar que é sempre bom ressaltar o quão bom e bem escrito é aquele seu personagem favorito. Apesar de ser um livro de ficção, a série Millennium é completamente crível e viável. Os personagens, todos, tem qualidades e defeitos, assim como na vida real. Muito embora seja uma pessoa de boa índole, na maioria das vezes, Lisbeth tem um conceito próprio de justiça, e não tem medo de fazer isso com as próprias mãos. É uma pessoa que fica feliz (apesar de não demonstrar), triste, sofre e celebra vitórias, assim como eu ou você. Mas como um ser humano qualquer, tem suas falhas. O mesmo vale para Mikael, uma pessoa que é essencialmente boa, contudo tem uma leve falha no caráter, quando se trata de romances.

“Sentiu que uma sombra gelada percorria a sala, mas interpretou-a como um sinal de medo e vergonha da paciente por trás daquela fachada impassível. Entendeu-a como uma indicação positiva de que, apesar de tudo, ela reagia à presença dele. Também estava satisfeito de o comportamento dela não haver mudado. Ela vai sabotar a si mesma no tribunal.” – p. 213

Eu amo o jeito como Stieg Larsson conduziu a escrita da série, dando aquela enrolada no início, esmiuçando a história, compartilhando detalhes e, aos poucos, aumentando o ritmo até virar uma locomotiva sem controle e sem freio que conduz ao desfecho mais surpreendente e inimaginável possível. Eu gosto da construção do enredo, onde um detalhe que antes parecia tão desimportante, lá na frente vira uma peça fundamental pra fechar o quebra cabeça. E não dá pra não absorer a leitura, nos seus muitos detalhes, porque é aí que mora a graça da história.

O livro em si apresenta um trabalho editorial simples e funcional, combinam bem com o estilo da história e ajudam na fluidez. Quando faltavam cerca de umas 30 páginas para o final do livro, começou a me bater uma depressão, uma tristeza tão profunda de saber que aquela história estava chegando ao fim… Quando uma série que você gosta muito chega ao final, te dá uma sensação de vazio, como se você fosse se despedir de um amigo muito querido, que vai passar muito tempo fora.

É claro que no caso da série Millennium, essa não é uma verdade absoluta. Bem quando eu estava finalizando a leitura de A rainha do castelo de ar, a Companhia das Letras anunciou a publicação de A garota na teia de aranha, que é uma continuação dos casos de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist, dessa vez sob o comando de David Lagervrantz. Em breve, vamos matar saudades! E vai ter resenha aqui! Aguardem!

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