Como o batimento cardíaco afeta nossa percepção de tempo

Goutyne
By Goutyne
Como o batimento cardiaco afeta nossa percepcao de tempo

“O tempo é relativo”, determinou Albert Einstein em sua teoria da relatividade, em 1905, após termos considerado o tempo por séculos “uma força constante e independente”, como se o progresso do Universo fosse governado por uma espécie de relógio que comanda tudo.

O que Einstein quis dizer com sua teoria é que a taxa na qual o tempo passa depende do seu quadro de frequência, ou seja, a combinação de espaço e do tempo em um único campo, com medidas que variam dependendo do movimento relativo ou das forças gravitacionais dos objetos dentro dessa estrutura.

O tempo é essencial para a estrutura da vida, sendo parte integrante de praticamente todos os fenômenos psicológicos, desde a sequência de recompensas envolvidas no condicionamento operante e clássico até o fluxo de oxigênio na medição da ativação cerebral.

E, recentemente, foi descoberto que o batimento cardíaco pode afetar nossa percepção de tempo.

As rugas no tempo

O estudo Wrinkles in Subsecond Time Perception are Synchronized to the Heart, liderado por Adam K. Anderson, professor de psicologia da Universidade de Cornell, os pesquisadores concluíram que a percepção humana de tempo não é contínua e pode aumentar ou diminuir a cada batimento cardíaco. Com isso, o coração se torna um verdadeiro cronometrista do cérebro, desempenhando um papel fundamental em nosso senso de passagem do tempo.

“Nossa pesquisa mostra que a experiência do tempo momento a momento é sincronizada e muda com a duração de um batimento cardíaco”, disse Anderson.

O cérebro acompanha a passagem do tempo sem que percebamos, e isso acontece de maneira automática, porém não consistente. A percepção de tempo do cérebro pode, sim, flutuar, com alguns momentos parecendo mais longos ou curtos em relação a cada segundo objetivo.

Em um estudo com trens simulados, Anderson e sua equipe descobriu que os passageiros sentiam que as viagens duravam mais quando os trens estavam lotados, sendo que estudos anteriores, se concentrando na percepção de intervalos de tempo relativamente longos, revelaram mais sobre como as pessoas estimam o tempo diferente de como o vivenciam no momento.

A um batimento

Os pesquisadores recrutaram 45 alunos de graduação da Universidade de Cornell, com idades entre 18 e 21 anos, sem histórico de doença cardíaca, e instalaram neles dispositivos de eletrocardiograma (ECG) para monitorar a atividade cardíaca, com uma resolução de milissegundos; ligando o ECG a um computador que reproduzia tons breves disparados pelos batimentos cardíacos dos candidatos.

Os tons duravam apenas 80 a 180 milissegundos e, após ouvi-los, os participantes precisavam relatar se achavam que durava mais ou menos do que outros tons. O resultado mostrou que eles perceberam que os tons eram mais longos quando precedidos por um batimento cardíaco mais curto, e relataram tons mais curtos quando seguiam um batimento cardíaco mais longo. Isso porque, muito embora a cadência geral de um coração soe estável, cada batida individual pode ser mais curta ou longa do que a anterior.

O que aconteceu no experimento é que ouvir um tom levou os participantes a focarem sua atenção no som, uma resposta de orientação que, por sua vez, mudou sua frequência cardíaca e reajustou sua experiência de tempo.

“O batimento cardíaco é um ritmo que nosso cérebro está usando para nos dar a sensação de passagem do tempo”, disse Anderson, ressaltando que isso não é linear e está constantemente se contraindo e expandindo – embasando o estudo de que os batimentos cardíacos podem influenciar nossa percepção aos estímulos externos, confirmando que o coração ajuda o cérebro a manter o ritmo do tempo.

Ainda que perceber incorretamente a passagem do tempo possa soar como algo ruim – o que, na maioria das vezes, é –, nesse caso, a influência pura do coração, de batida em batida, como diz Anderson, ajuda a criar uma sensação de tempo, e não perdê-la; influenciando em como o cérebro experimenta a passagem do tempo nas menores escalas, operando em períodos muito breve para pensamentos ou sentimentos conscientes.

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