Imagina ter a oportunidade de ir a Florença, na Itália, sem data de retorno. Seria um sonho para qualquer pessoa, exceto para Lina, uma jovem de 16 anos que acaba de perder a mãe para um câncer terminal. No entanto, pouco antes de falecer, sua mãe começou a falar muito de Howard, o quanto ele é incrível e como foi bom o tempo que passou com ele na Itália. E faz um último pedido à filha: que ela vá morar com ele em Florença.
Lina leva seis meses para decidir dar uma chance a Florença e a Howard, que ela descobre ser seu pai apenas após a morte da mãe.
Certamente de que passará apenas o verão fora, ela embarca nessa aventura sem grandes expectativas de que será bom. Tudo piora ao chegar e perceber que Howard mora em um cemitério de homens que lutaram na Segunda Guerra Mundial, mas que funciona também como atração histórica.
Assim que chega, recebe de Clara, a assistente de seu pai, um diário que foi de sua mãe da época em que viveu lá. Isso proporciona a Lina a oportunidade de conhecer a história de seus pais, embora ela não tenha certeza se quer descobrir como as coisas deram errado. Ao mesmo tempo, é a sua própria história que está descrita nas páginas, uma vida de mentiras prestes a ser desvendada.
Enquanto decide se quer ou não entender os segredos de sua mãe, ela conhece Lorenzo, um rapaz com estilo meio americano que mora em uma casa em formato de biscoito. Ele se torna um grande amigo, ajudando-a a compreender seu passado e servindo como guia pela maravilhosa Florença. Tanto Lorenzo quanto o diário de sua mãe ensinam que duas coisas farão você querer ficar em Florença: amor e gelato, mas que pode ser um péssimo lugar para se estar com o coração partido.
Este foi meu primeiro contato com a autora, e gostei muito de sua escrita, que é leve, fluída e repleta de informações sobre Florença. Essa característica me encanta em qualquer livro.
Saber que um autor se dedicou a pesquisar e compartilhar um pouco da cultura do local onde se passa a história, qualquer que seja ele, me faz querer arrumar as malas e embarcar no primeiro avião. Conhecer Florença pelas páginas de “Amor e Gelato” foi mais envolvente do que o próprio enredo.
Confesso que me irritei com a personagem por ela inicialmente se recusar a ir à Itália e, assim que chega, a primeira coisa que faz é criar um plano para sair imediatamente de lá. Apesar de entender seus dramas e, logo em seguida, mudar de ideia, essa atitude me incomodou um pouco.
No entanto, o que mais me perturbou foi o fato de ela levar dias para ler o diário de sua mãe. Entendo o significado emocional de temer conhecer sua própria história, e seria compreensível se ela demorasse para tocar no diário. Entretanto, ela inicia a leitura e a interrompe diversas vezes, como se estivesse lendo um livro qualquer e não a história de sua própria vida.
Apesar disso, gostei muito da conexão que a autora estabeleceu entre a história de Lina e a de sua mãe. Ver Lina visitando os mesmos lugares e experimentando as mesmas coisas que sua mãe proporciona uma sensação única, como se eu mesma estivesse lá, sentindo o sabor do gelato e me apaixonando por cada canto de Florença. Ao fechar o livro, foi como se eu tivesse voltado da Itália, e é maravilhoso quando um livro proporciona essa experiência, permitindo que você esteja totalmente imerso na história.
“Amor e Gelato” é um livro com um enredo encantador, repleto de aprendizado e crescimento. Uma história que faz sorrir e se emocionar, daquelas que aquecem o coração. Deixa um desejo imenso de conhecer todos os lugares mencionados no livro. Se você aprecia quando um livro desperta essas emoções, abrace este livro com força.
Agora que o fiz, já estou arrumando minhas malas e aguardando ansiosamente o próximo livro da autora, que se passará com a amiga de Lina e nos levará desta vez para a Irlanda.
