Com um casal delicinha de acompanhar, como todo bom romance de época, Ventos de Mudança da autora Beverly Jenkins ganhou destaque na minha estante por sair do lugar comum. O primeiro volume da série Mulheres Pioneiras, trazido ao Brasil pela editora Arqueiro, transporta o leitor para fora das ruas de Londres e de perto de seus duques, condessas e lordes, para colocá-lo na cidade de Nova Orleans, logo após o final da Guerra de Secessão.
Valinda Lacy tem um sonho: ela quer ensinar a comunidade de ex-escravos a ler e a escrever para que, assim, suas vidas possam de alguma forma melhorar. Filha de um pai autoritário, ela consegue autorização para ir a Nova Orleans dar aulas, enquanto seu noivo está fora do continente a trabalho. Desde o início, Valinda tem dificuldades em sua missão, entretanto, quando supremacistas brancos invadem e queimam sua sala de aula, e ainda tentam atacá-la, tudo parece perdido. É nessa hora que conhecemos a metade da laranja de Valinda, o capitão Drake LeVeq.
Ventos de Mudança me surpreendeu positivamente do início ao fim da leitura. A escolha de local e a época em que se passa a história fazem com que seu protagonismo negro tenha ainda mais destaque, por mostrar pessoas fortes que correm atrás dos seus direitos e que tentam ao máximo melhorar a vida de todos os que as cercam, ajudando a conseguir um trabalho, ensinando ofícios e protegendo de injustiças.
A narrativa é fluida e muito leve, com uma escrita fácil e envolvente, daquelas que você não sente o tempo passar e, quando repara, já terminou o livro. Com personagens extremamente cativantes, as mulheres da trama se destacam e são o ponto alto da obra. Com personalidades marcantes, independentes e destemidas, elas não têm medo de serem o que são. Valinda, por sua vez, é idealista e leal. Corre atrás dos seus sonhos para melhorar a vida daqueles que lhe cercam e não desiste, mesmo diante das adversidades (e olha que são muitas!).
Foi algo bem interessante ver as questões deixadas pela escravatura e como eram as tentativas para resolvê-las. Pude entender um pouco também como o colorismo funcionava na sociedade norte-americana, através de alguns personagens Creoles.
Essa foi uma leitura muito gostosa e recheada de reflexões. Aguardando ansiosamente o próximo livro!