Gênese tem quase quinhentas páginas focadas em uma trama de violência, abuso sexual, transtornos alimentares, traumas, segredos e vítimas que não pretendem abrir a boca para colaborar em nada com a polícia. É uma história brutal e um dos melhores livros de Karin Slaughter, na minha opinião.
Terceiro livro da série do investigador Will Trent, Gênese é uma obra muito bem construída em todos os seus detalhes, e com um suspense bem amarrado que vai se mantendo até o desfecho, bem convincente. Neste livro, os personagens Will e Faith se encontram com a legista Sara Linton, protagonista de outra série de suspense da autora. É a partir daqui que o trio se estabelece e vai aparecer em outros títulos, alguns infelizmente ignorados pelas editoras brasileiras (como as obras 5,6 e 7 da série de Will).
Em Gênese, temos um criminoso que sequestra duplas de mulheres e pratica atos de tortura inimagináveis. Presas em buracos meticulosamente cavados por ele, essas mulheres sofrem todo o tipo de privação. O objetivo, aparente, é que somente uma delas saia viva dali (ou não).
A partir daí, entram em cena os investigadores em uma busca praticamente infrutífera. Não existe nada concreto que ligue as mulheres desaparecidas entre si. E nenhuma pista sequer que possa dar um rumo para a polícia. É literalmente um thriller desenvolvido boa parte “no escuro”, com buscas aleatórias por possibilidades que vão se confirmar ou não como um fio a ser seguido. Ah, um detalhe, as vítimas são mulheres sem amigos, com pouca ou nenhuma relação social, consideradas brutas e sem educação e muito bem-sucedidas em suas carreiras. É com isso com Will Trent vai precisar lidar. E também com a gravidez e a diabetes, recém-descobertas, de Faith.
Thriller de ritmo intenso, Gênese segue o estilo detalhista da autora. A obra aprofunda, também, as histórias de vidas dos protagonistas, de forma a nos tornarmos mais íntimos de cada um deles. Esse detalhamento de construção de personagens é muito interessante quando pegamos para ler as obras na ordem de publicação. Faz com que leitores se sintam próximos e entendam as motivações de cada um ao longo das investigações.
Falar mais que isso é começar a fazer resumo e entregar spoilers. O que gostaria de destacar é que este livro foi um divisor de águas na minha relação com Karin Slaughter. Assíduo leitor de suas obras, até então me dividia entre o gostar muito e o meio-termo. A obra antecessora, Fissura, carimbou a autora como uma das minha preferidas. Com Gênese, ela entrou no seleto grupo de autores de quem sou fã e pretendo seguir de perto todos os seus lançamentos.
Gênese tem um bom mistério, cenas de embrulhar o estômago, boas doses de reviravoltas e um desfecho bem imprevisível mesmo que o culpado dê as caras em algum momento. As explicações convencem e o final fica redondinho com um convite para seguirmos Will e seu grupo.