[Resenha] A Troca, de Megan Shull

Redação

A vida aos 12 anos não é fácil. Você não quer ser tratado como uma criança, mas também ainda não é adulto. Seu corpo passa por transformações que você não deseja e a imagem que vê no espelho não é – nem de longe – aquilo que queria ver. Em “A Troca”, a jovem Ellie sabe bem disso. As dores – e que dores – de se chegar na fase mais confusa das nossas vidas (e sobreviver!).

A obra tem como premissa a questão – talvez até batida –  da troca de corpos. Ellie quer ser aceita, mas não tem ideia de como fazer isso. Antes ela ocupava o papel de melhor amiga de Sassy, mas agora Sassy já é uma pré-adolescente e não “pode” dar esses papos para as “crianças”.  Em contrapartida, Jack, ou “O Príncipe” como as meninas o chamam, passa por outros tipos de problemas. Ele não sabe como lidar com as pressões e cobranças do pai. E depois que sua mãe morreu, o pai e os três irmãos são a única certeza da sua vida. Nesse ambiente de constante busca por resposta, é que os dois vão acabar se encontrando. E durante um fim de semana inteiro eles têm que viver no corpo do outro. Então imagina a confusão que isso pode ser.

Definitivamente é um livro adolescente. Logo, você adulto fadado aos livros sérios e cheios de mensagens “cabeça” pode passar. Além de achá-lo clichê e cheio de “mais-do-mesmo”, vai ver que ele não é para você. Mas… você criança, pré-adolescente e adolescente convicto, pode ser que se identifique. E ache a história até mesmo “jeitosinha”. Não chega ser de fato uma perda tempo.

A obra tem uns pontos soltos. Ellie e Jack, por exemplo, se conhecem através da enfermeira da escola. Eles a julgam uma espécie de bruxa. Mas depois que eles trocam de corpo, a tal da enfermeira some completamente de cena. Logo, já deixamos claro que as coisas se acertam de outra maneira.

Os nomes dos personagens também deixam a desejar. Dois deles se chamam Sammy. Então para que não haja confusão na hora da leitura, a autora Megan Shull achou por bem em identificá-los como Sammy – que era o menino e amigo de Jack – e Sammy menina – a que era amiga de Ellie. Isso pode até ter feito algum tipo de sentindo na versão original. Mas na hora de traduzir, nossa… ficou bem ruim.

Seguindo no festival de problemas, bem… se a faixa etária era para os adultos, a linguagem não colou mesmo. E se era para os adolescentes, então deveria ser um pouco reformulada. Porque o livro não é de todo infantil, mas fica vagando num limbo esquisito. Ora os personagens falam de maneira mais altiva, ora parecem recém-saídos da creche.

“A Troca” ainda tem seus pontos altos. A maneira como as amizades são retratadas e as confusões que todos nós passamos nessa fase são bem destrinchadas por Shull. É realmente ruim ter o corpo e a mente sofrendo essas mudanças que os hormônios nos obrigam a passar.

Além disso, a autora construiu lares dispares para nossos personagens. Enquanto Ellie tem uma mãe super protetora, mas não no sentido ruim que isso possa soar, o pai de Jack é simplesmente o oposto. Summer – mãe de Ellie – é jovem, cheia de vida, professora de Yoga e com vários ensinamentos que deixam as coisas mais leves. Já o pai de Jack sofre com a perda da esposa e se vê sozinho com quatro filhos dentro de casa. Para ele disciplina está em primeiro lugar, acima até mesmo do amor. Conviver com essas duas figuras nos mostra que as diferenças são mesmo essenciais.

Shull também retrata os diferentes tipos de amizade. Desde as sinceras até aquelas mais tóxicas. Àquele papo de nem tudo que reluz é ouro e blá blá blá…

A história foi transformada em filme pelo canal Disney Channel. E talvez nas telinhas tenha funcionado melhor. Mas como mencionamos acima, a leitura não chega a ser um total desperdício de tempo se você tem algum sobrando.

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