Pois bem, muita gente acredita que a foto do grupo o deixará mais atraente, o que dá origem a um curioso fenômeno conhecido como “efeito cheerleader”. Quando se trata de se apresentar online, qual tipo de foto você escolhe? Uma selfie que você tirou sozinho ou a foto do grupo com amigos, possivelmente menos estilosa, mas que captura um bom momento entre os colegas?
O efeito cheerleader (“líder de torcida”, em inglês) é real, mas não pelos motivos que muita gente pensa. Uma foto em grupo com os amigos pode, de fato, comunicar que você é sociável e amigável, mas não é isso que o torna mais atraente. Na prática, a verdadeira explicação se resume a como o cérebro humano lida com as informações que obtém, como veremos ao longo deste artigo.
Popularizado pelo personagem Barney Stinson da série de televisão How I Met Your Mother, o termo “efeito cheerleader” é usado para descrever uma mulher que parece atraente quando está em um grupo, mas que não aparenta ser tão bonita quando está sozinha. Obviamente, esse tipo de interpretação é típico das séries americanas, mas os comentários de Barney são surpreendentemente fundamentados em pesquisas.
Em 2003, evidências científicas do efeito cheerleader foram publicadas em um artigo no qual, em cinco estudos, tanto homens quanto mulheres foram classificados como mais atraentes quando apresentados como parte de uma foto de grupo em comparação com uma foto individual.
Ao longo dos estudos, os participantes avaliaram a atratividade dos rostos apresentados em grupo e individualmente. Independentemente do gênero, as avaliações de atratividade foram sempre maiores quando as pessoas eram apresentadas em um grupo em comparação com as apresentadas individualmente.
No entanto, isso não significa necessariamente que quanto maior o grupo mais atraente você é. Os pesquisadores descobriram que o tamanho do grupo, seja ele formado por 4, 8 ou 16 indivíduos, não desempenhava qualquer efeito sobre as classificações de atratividade. Basicamente, um punhado de amigos é tudo de que você precisa para aproveitar esse efeito.
Por que o efeito cheerleader funciona?
A robustez do efeito cheerleader pode ser melhor explicada se observarmos como o cérebro funciona e entendermos as nuances por trás da percepção humana.
Diferentemente do que algumas pessoas podem pensar, os humanos não costumam processar muitos detalhes individuais que percebem em seu ambiente. Em vez de dedicar uma atenção significativa a todas as características individuais, nosso cérebro rapidamente resume as informações como um todo. De fato, evidências até sugerem que nossos cérebros são naturalmente preparados para tal categorização.
De um modo geral, o agrupamento de informações perceptivas tem uma vantagem evolutiva distinta, pois promove uma espécie de repouso mental ao reduzir a carga perceptiva, ou seja, o fardo de interpretar detalhadamente uma determinada cena a partir das informações visuais.
A categorização social é o processo de categorizar mentalmente os indivíduos em grupos com base em características como idade, sexo e etnia. Essa rápida categorização de informações sociais promove interações sociais rápidas em nosso cotidiano, mas traz consigo algumas consequências sérias e mais amplas, às vezes até culminando indiretamente em casos de discriminação.
Como usar isso na prática?
Com tudo o que vimos até aqui, fica mais fácil de entender que apresentar-se em um grupo tende a “remover” quaisquer características individuais consideradas “não atraentes”. Dito isto, a pergunta que fica é: como podemos usar essas informações a nosso favor?
Bem, em termos práticos, você pode aplicar essas informações ao selecionar uma foto em grupo para usar em seus perfis nas redes sociais. Além de deixá-lo mais atraente, as fotos em grupo também podem demonstrar que você é uma pessoa que se dá muito bem no meio social.
No fim das contas, você pode até não concordar com tudo o que Barney Stinson diz em How I Met Your Mother, mas quando se trata da questão do efeito cheerleader, as evidências sugerem que ele estava totalmente certo.