[Resenha] Um Assassino nos Portões

Goutyne
By Goutyne

A saga de Laia e Elias parece que nunca vai ter fim. É a fuga de Blackcliff, salvar Darin da prisão, o Portador da Noite querendo libertar todos os djinns e, claro, Helene como a Águia de Sangue com ordens claras para mata-los. Neste livro, mais uma vez, os dois irão se separar para cumprir missões suicidas. Laia deve ir atrás do Portador da Noite para impedi-lo e só roubando algo da Águia de Sangue é que ela vai conseguir impedir que todo o seu povo seja castigado por essa criatura traiçoeira. Elias deve aceitar o seu destino como Apanhador de Almas e seus laços com o passado só prejudicam o seu poder.

Na peregrinação de Laia ela acaba tendo um novo aliado: Musa. Ele é um homem que poucas coisas são reveladas, então eu fiquei desconfiada dele a maior parte do tempo. Esse personagem lembra aqueles malandros, que a qualquer momento será um traidor, então fiquei aflita por Laia. Ela teve que ver seu povo sendo maltratado e escravizado várias vezes, precisou enfrentar  uma biblioteca em chamas e um Rei pouco amigável. Claro que não é só isso. A vida de Laia ganha um novo sentido com uma revelação importante sobre a Leoa, sua mãe e como leitora eu só consegui ficar em choque. 

Eu tenho muito orgulho do desenvolvimento de Laia. No primeiro livro ela era mais chorona e vitimada, mas ao longo das páginas ela foi encontrando sua coragem e força se tornando um grande exemplo para os seus iguais. Não é por menos que eles a consideram uma esperança, aquela que irá salva-los da escravidão e dar um novo sentido ao povo Erudito.

Os Eruditos que nos rodeiam se dispersam, correndo para todos os lados, impulsionados por um medo que foi martelado em nossos ossos. Sempre nós! Nossa dignidade aos pedaços, nossas famílias aniquiladas, nossas crianças arrancadas de seus pais. Nosso sangue encharcando a terra. Que pecado tão grande os Eruditos tem de pagar, geração após geração, com a única coisa que nos restou: nossas vidas?

Elias precisa aceitar o seu destino como Apanhador de Almas, mas seus sentimentos por Laia, Helene e até mesmo o seu povo faz com que sua missão falhe sempre. Os fantasmas estão se acumulando no lugar de espera e quanto mais tempo leva mais os espíritos ficam raivosos , tentam escapar e Mauth desconta sua raiva em Elias.

Acho que o desenvolvimento de Elias foi o que menos me agradou durante todos os livros. Consigo entender os motivos da autora dar esse destino à ele, mas não consigo gostar, não consigo ver sentido nisso como a única opção. No fundo no fundo eu queria só que quando tudo acabasse ele pudesse descansar feliz ao lado daqueles que ele ama, mas cada vez isso parece tão distante dele. O Elias que só queria fugir nunca poderia prever esse destino e com certeza acharia que agora é mais prisioneiro do que nunca.

Helene continua sendo a minha personagem favorita e a melhor da história. Ela passou da personagem secundária e sem importância para aquela que tem parte da responsabilidade pela destruição ou pela reestruturação do mundo. Seus sentimentos por Elias e a raiva de Laia não são nada perto do que ela precisa fazer ao lado do Imperador, do instinto de proteção por sua irmã e o desejo de acabar com a vida da Comandante. Foi triste vê-la sendo um alvo fácil para o Portador da Noite, mas já era de se esperar com essa criatura sempre conseguindo tudo o que quer. Ele manipula de formas que ninguém espera.

Todas as nossas esperanças estão naquela tocha. Ela parece tão pequena agora, insignificante na vasta escuridão da noite.


O que eu mais gosto nessa série é que a autora não tem pena dos leitores, sempre tacando mais e mais sal nas feridas. Personagens queridos sofrem e morrem sem piedade. A razão prevalece acima dos sentimentos, mesmo quando se trata de um irmão ou um amante, mas o sofrimento está ali. Qual a melhor decisão: Salvar quem você ama ou salvar toda uma nação?

Neste livro especificamente foi falado sobre as mães. Aquelas que amam e daria a vida por seus filhos, aquela que tenta mata-los, aquela que quer aliviar a dor, que tem medo, que precisa escolher um acima de outro. Todas as formas de amor de mãe (ou não) estão nas entrelinhas e ao mesmo tempo que é incrível é de dar raiva o quanto as mães, de certa forma, selaram o destino de seus filhos.

Maldito mundo pelo que faz com as mães, pelo que faz com as filhas. Maldito por nos tornar fortes pela perda e pela dor, nosso coração arrancado do peito repetidas vezes. Maldito por nos forçar a suportar isso.

Bom, acho que chega, né? Falei muito, mas ainda é tão pouco perto dos surtos que eu tive a cada capítulo, pois olha… cada final de capitulo acontece alguma coisa que nos deixa ansiosos. Principalmente quando passa da metade do livro. Quem gosta de grandes emoções essa série é perfeita.

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