[Resenha] The Kiss of Deception – Crônicas de Amor e Ódio – Vol. 1

Redação

Tinha certo receio de não gostar devido às críticas que tinha ouvido sobre o último livro, mas no final eu acabei me apaixonando pelos personagens e pela história, e devorando os livros numa velocidade impressionante.

Só para situar vocês um pouco a respeito da história, em “Crônicas de Amor e Ódio” conhecemos Lia, a princesa do reino de Morrighan, no dia de seu casamento com o príncipe de Dalbreck. A príncipio, pode até parecer um conto de fadas, exceto pelo fato de que Lia não está nada feliz com o matrimônio, que na verdade foi arranjado pelo pai dela, a fim de criar uma aliança entre os dois reinos para enfrentarem um inimigo em comum: o exército de Venda, considerado por eles um bando de bárbaros. Só que Lia não aceita de cabeça baixa que decidam seu destino sem consultá-la, por isso pega seu cavalo, separa alguns suprimentos e se junta à sua melhor amiga, Pauline, para fugir de Cívica, a capital de Morrighan.

As duas partem em direção à pequena cidade litorânea de Terravin, onde Lia espera poder levar uma vida comum, sem o peso das obrigações de ser uma princesa e, mais do que isso, uma Primeira Filha. Aqui é importante explicar o que significa ser uma Primeira Filha, já que disso vem a fantasia do livro (e também do universo, que é totalmente diferente do nosso. Se bem que, em algumas partes, eu tive a impressão de que a história pode se passar num mundo pós-apocalíptico, mas não é nada confirmado, então considerem delírio da minha cabeça). As primogênitas de Morrighan nascem com uma espécie de dom que não é bem o da profecia, mas um sexto sentido apurado, que serve para guiá-las em determinada direção e as ajuda a pressentir algumas coisas. Esse dom geralmente se manifesta logo após a primeira menstruação, mas, aos 17 anos, Lia jamais sentiu qualquer indicação de que o possuísse, o que a faz se sentir como se tivesse nascido com um defeito.

A fuga de Lia logicamente não é bem recebida pelo seu pai, o rei, que envia seus irmãos mais velhos e o exército de Morrighan em seu encalço, e nem pelos monarcas de Dalbreck e pelo noivo abandonado, que decide ir atrás dela para descobrir por que ela o deixou plantado no altar. Só que o príncipe não está realmente com raiva por ter sido deixado, e sim admirado com a coragem de Lia e curioso acerca de suas motivações. Mas o rei e o príncipe não são os únicos atrás de Lia. Ao saber do que aconteceu, o líder de Venda envia seu melhor assassino para matá-la e acabar com as chances de união entre Morrighan e Dalbreck.

Mais à frente na história, somos apresentados a dois personagens: Kaden e Rafe. Um deles é o príncipe, e o outro, o assassino. E sabem a melhor parte disso tudo? A gente não sabe quem é quem. Isso dá um sabor todo especial à leitura, porque vemos Lia se envolvendo com os dois personagens sem saber que um deles quer sua cabeça. Achei uma delícia ficar estudando tanto o Kaden quanto o Rafe e tentando adivinhar a identidade de cada um, ainda mais porque os dois são encantadores e charmosos, e a gente acaba se apaixonando por ambos. Eu mesma não sabia com quem shipar a Lia. Mas quem não curte triângulos amorosos pode ficar tranquilo, pois ela não é aquele tipo de mocinha indecisa que não sabe com quem quer ficar. Desde o início, Lia tem seu preferido, o que achei uma pena, porque tinha uma ligeira predileção pelo outro personagem.

Isso é o que vou contar sobre o enredo, para não liberar nenhum spoiler. Mas podem ter certeza de que acontece muita, muita coisa. “Crônicas de Amor e Ódio” é uma série que nos reserva muitas surpresas e reviravoltas, os personagens enfrentam uma jornada longa e dolorosa, que os faz terminar de uma forma totalmente diferente da que começaram. E eu gostei muito de acompanhar o desenvolvimento deles enquanto atravessavam o mapa, travavam batalhas, lutavam por sobrevivência e enfrentavam todo tipo de traição contando apenas com sua inteligência para ficarem vivos.

Já vi algumas pessoas reclamando da Lia e a chamando de burra por acreditar que realmente conseguiria escapar dos pais e das obrigações que vêm de berço, mas sou do time que “passa pano” pra personagem sem medo. A Lia era uma princesa de apenas 17 anos, sem nenhum conhecimento do mundo e que claramente não tinha a menor noção do que estava fazendo. Como podemos exigir maturidade de alguém assim? O que me importa é ver a forma como ela aprende com os erros e cresce com os tombos, as perdas e as dores que precisa passar. A Lia do final de “The Beauty of Darkness” é uma mulher muito mais forte, inteligente e calejada que a do início da trilogia, e isso é maravilhoso!

E a Lia não é a única personagem feminina interessante, eu adoro a forma como a autora criou as mulheres da série. Pauline e Gwyneth também são incríveis e, embora sejam meras coadjuvantes na história, têm backgrounds e personalidades próprios, precisam enfrentar seus demônios e dilemas internos, e possuem papéis extremamente relevantes na trama como um todo. A amizade delas com a Lia é trabalhada de uma forma muito bonita e que me encantou, principalmente em “The Kiss of Deception”, mas também em “The Beauty of Darkness”. Gostei muito de ver as mulheres se ajudando em vez de sendo rivais por motivos banais, como em boa parte das histórias que li. E no último livro, mais personagens femininas ganham destaque e possuem importância para o desfecho das coisas, mas vou deixar vocês conferirem isso por si mesmos.

Também curti muito o desenvolvimento do romance (ou dos romances, já que temos um segundo casal de menor destaque) aqui. É muito bem construído, mas não rouba o espaço da trama principal. A gente se apega muito facilmente ao casal protagonista e torce loucamente para que tenha um final feliz (mesmo eu que, como disse, gostava mais do outro personagem masculino). Somente a certa altura, lá em “The Beauty of Darkness”, eu cheguei a torcer o nariz para o par da Lia, pela forma como estava tratando-a, como se tivesse direito de controlá-la. Mas ele não demora a abrir os olhos e percebe que ela é dona do próprio nariz e livre para fazer as próprias escolhas, mesmo que difiram das dele. Tudo o que pode fazer é apoiá-la, e esse apoio continua até o final. Terminei a leitura cadelinha desses dois!

A escrita da autora é outro ponto que me agradou demais. É super fluida e gostosa de ler, a gente nem sente o tempo passar enquanto vira as páginas. Os livros são narrados em primeira pessoa principalmente pela Lia, mas também temos os pontos de vista da Pauline, do assassino e do príncipe, e isso é muito legal, porque nos ajuda a conhecer bem as motivações de cada um e termos outros vislumbres dos acontecimentos. Isso faz toda a diferença, em especial a partir do segundo livro, em que os personagens estão separados geograficamente. É muito interessante sabermos o que está acontecendo em outros lugares do mapa.

Falando nisso, a construção deste universo é sensacional. Não é um mundo muito complexo a la Tolkien e George R. R. Martin, mas tem vida própria. A autora criou lugares e povos diferentes, com culturas distintas que se chocam umas com as outras, e, ainda assim, vemos claramente que não existe uma mais certa e outra mais errada, cada uma tem seus pontos positivos e negativos. Mary E. Pearson criou contos e lendas, mitos e canções que se entrelaçam à narrativa principal e fazem a gente se questionar sobre o que há de verdadeiro em cada um deles. Cada capítulo se abre com um pequeno texto, e, ao final, descobrimos que são importantes pra construção da história, portanto prestem atenção neles para não precisarem voltar as páginas depois, como eu.

Agora, falando sobre o famigerado último livro, eu gostei de como quase tudo foi desenvolvido. Só mesmo o embate final entre a Lia e o grande vilão foi resolvido de uma forma muito fácil e, para ser bem sincera, broxante. A gente cria grandes expectativas para esse momento e, no fim, elas simplesmente não são atendidas. Ainda assim, isso não foi suficiente para estragar minha experiência, já que curti todo o resto, inclusive a maneira como tudo acabou. Estou louca para conferir “Dinastia de Ladrões”, a duologia que se passa algum tempo após os acontecimentos de “The Beauty of Darkness” e é protagonizada por outros personagens. Tenho certeza que vou amar, já que dizem que ela é ainda melhor que esta trilogia. Em breve, conferirei por mim mesma e trarei minhas conclusões para vocês!

Deixei as sinopses dos livros abaixo, mas recomendo que leiam apenas a de “The Kiss of Deception”, já que as outras dão spoilers importantes da trama.

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