[Resenha] Sobre Fotografia (Susan Sontag)

Goutyne
By Goutyne

Sobre Fotografia é um livro de ensaios da jornalista Susan Sontag que fala, claro, sobre fotografia contando sua história e perspectivas para essa tecnologia e arte nos anos futuros — que para nós é o atual. O livro foi lançado no final dos anos 70 e ganhou prêmio no Reino Unido. Até hoje é um dos livros mais importantes ao estudar história da fotografia, sendo indicado nas melhores escolas e universidades.

Eu já tive uma experiência negativa com este livro há 10 anos atrás quando tive que ler um ensaio para um seminário na faculdade. Acredito que meu ranço foi mais uma inexperiência como leitora do que achar a obra ruim ou não, já que reli ele agora (também para a faculdade, olha só!) e acabei adorando e refletindo sobre diversos posicionamentos da autora.

Fotografar é apropriar-se da coisa fotografada. Significa pôr a si mesmo em determinada relação com o mundo, semelhante ao conhecimento — e, portanto, ao poder.

Apesar de cada ensaio tratar de uma temática distinta, como a análise de fotógrafos e suas diferentes percepções de arte e suas subjetividades de “belo”, a função da fotografia como registro e arte, a obra como um todo nos mostra como a fotografia mudou o mundo, a sociedade de modo que é impossível pensar em nossa evolução sem lembrar da câmera fotográfica.

Já nos anos 70 ela cita sobre a necessidade de fotografar e registrar algo como prova, sendo uma fotografia de viagem ou fotografia de um crime. Se não foi fotografado não há provas de sua existência. Como não fazer esse paralelo com nossos dias? Se a fotografia já causava um rebuliço imagina agora em que todos os momentos são registrados?

Em 2020 o G1 publicou uma matéria onde diz que o Instagram tem mais de 1 bilhão de usuários ativos por mês e só nos resta imaginar quantas fotos por dia são postadas. Eu imagino se um dia Susan Sontag pensou nesses números estrondosos de fotografias circulando diariamente, onde a arte e registro andam lado a lado, mas ao mesmo tempo se convergem. 

Uma foto equivale a uma prova incontestável de que determinada coisa aconteceu. A foto pode distorcer; mas sempre existe o pressuposto de que algo existe, ou existiu, e era semelhante ao que está na imagem. 

Este livro é incrível para entender a fotografia além do equipamento que se usa, seja uma câmera profissional ou o celular. Mais do que isso é refletir sobre seu uso nos registros familiares, sociais, a própria arte e no cinema. Como o nosso imaginário se molda de acordo com as imagens que vemos diariamente e assim nos tornamos pensantes (ou não). Vale a leitura.

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