[Resenha] O gabinete paralelo

Redação

Quando escrevi sobre O Nome da Estrela, primeiro livro dessa série, saudei a força de renovação do suspense fantástico. Neste caso específico, com uma trama simples, despretensiosa, mas bastante inventiva. Dois livros depois, porém, Sombras de Londres perde completamente o fôlego e o que seria o livro de encerramento de uma trilogia acaba se transformando em uma obra em aberto, à espera de uma conclusão satisfatória.

No livro, Rory Deveraux se pergunta se não deveria ter voltado para sua pacata cidade nos Estados Unidos, depois de tudo o que viveu desde que chegou a Wexford. Não bastasse descobrir a habilidade de ver fantasmas e enfrentar uma versão moderna de Jack, o Estripador, ela agora sofre a perda de seu amor, Stephen, e teve sua melhor amiga, Charlotte, sequestrada. Mas é tarde para voltar atrás.

Rory tornou-se peça-chave no esquadrão que monitora fantasmas em Londres. E enquanto tenta se recuperar de uma série de acontecimentos trágicos e lidar com todo tipo de surpresas do destino, uma terrível ameaça paira sobre a cidade, exigindo que ela mergulhe ainda mais fundo nas Sombras de Londres. (Resenha: O Gabinete Paralelo – Maureen Johnson).

Antes de prosseguirem na leitura, recomendo aos leitores que confiram minhas resenhas dos dois primeiros livros: O Nome da Estrela e No Limite da Loucura. E não se preocupem que a resenha abaixo não contém spoilers! =)

O Gabinete Paralelo começa precisamente no ponto em que No Limite da Loucura termina. Isso significa que o clima de ação e urgência para se resolverem as confusões da trama já estão presentes logo nas primeiras páginas. Ponto positivo, Maureen Johnson não perde tempo com retrospectivas ou flashbacks de passagens anteriores. A narrativa encara tudo como se fosse um livro único e os leitores com boa memória já mergulham com tudo nas perguntas sem respostas da obra anterior.

A despeito desse início recheado de problemas a serem solucionados, em uma corrida contra o tempo, a trama de O Gabinete Paralelo peca pelo excesso de novidades. Ao invés de encaminhar a história para um desfecho (afinal é o que se espera de um livro 3 em uma trilogia), a autora preferiu ampliar as pontas soltas, deixando claramente sua intenção de prosseguir com um quarto livro. O resultado é frustrante, principalmente por termos mais um final vago, com cenas encerradas de forma abrupta aguardando um recomeço futuro.

Os personagens permanecem como a maior qualidade da série. Tanto os recém-chegados quanto o grupo de protagonistas, tendo Rory à frente, mantém um cuidado impecável de criação por parte da autora. Infelizmente, colocá-los zanzando por ruas e lugares de Londres da forma como eles aparecem neste livro, sem propósitos mais claros do que os de “encher páginas”, serviu para estragar bastante aquele fascínio inicial que o primeiro livro me causou.

É aí que reside, na minha opinião, o maior problema de O Gabinete Paralelo: a trama é fraca e sem um rumo claro. Maior exemplo disso, o tal gabinete que dá nome ao livro só aparece já próximo dos capítulos finais e assim mesmo de forma coadjuvante. Uma mera explicação dada ao acaso em não mais que cinco parágrafos.

A criatividade esbanjada pela autora ao buscar inspiração em Jack, o Estripador lá no livro um, foi se perdendo em sequências que não dizem muito a que vieram. Sombras de Londres tem uma ideia central muito boa e promissora, mas o desenvolvimento ficou aquém. Neste terceiro livro, ao invés de direcionar seus esforços para concluir a saga, Maurren Johnson preferiu ampliar ainda mais seu universo deixando a obra aberta para uma continuação. A espera, agora, é para que venha um desfecho capaz de amenizar as decepções dois livros 2 e 3. Algo que eu duvido muito que aconteça…. Vamos pagar pra ver?

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