Lars Kepler, como grande parte dos autores de thrillers nórdicos, merece mais atenção do que recebe no Brasil. Seus suspenses são compostos de tramas inteligentes e que se desdobram em intricados mistérios. Às vezes é difícil acompanhar o ritmo frenético das ações que vão se sucedendo e é preciso uma boa dose de atenção para juntar todas a peças que vão sendo largadas ao longo da história para chegarmos ao desfecho. É mais ou menos todas essas características que vamos encontrar em O Caçador, uma de suas melhores obras.
O detetive Joona Linna passou dois anos em uma prisão de segurança máxima quando recebeu uma inesperada visita. A polícia precisa de sua ajuda para deter um misterioso assassino: o chamam de O Caçador de Coelhos, pois a única conexão entre suas vítimas é que ouvem uma canção de ninar sobre coelhos antes de morrer.
Joona agora tem a chance de sair da prisão para, com a policial Saga Bauer, tentar desvendar quem é esse misterioso caçador e salvar seus próximos alvos. Mas o que aparentemente parece ter motivações terroristas se transforma em um dos casos mais complexos de sua carreira. Em O caçador, o romance mais vendido da Suécia e da Noruega em 2016, Lars Kepler apresenta novamente sua fórmula imbatível: ritmo frenético, situações limite e personagens impagáveis. (Resenha: O Caçador – Lars Kepler)
Sexto livro protagonizado pelo inspetor Joona Linna, e pela galeria de personagens das quais Saga Bauer tem maior destaque, O Caçador tem uma trama inteligente e que confunde facilmente os leitores. É um livro em que histórias paralelas tomam boa parte dos capítulos e deixam no ar aquela sensação de que tem algo muito errado acontecendo. Mas absolutamente tudo está interligado e bem amarrado quando chegamos lá no desfecho, mais de quinhentas páginas depois.
Em linhas gerais, para não ficar repetindo sinopse por aqui, O Caçador traz a eliminação de pessoas muito importantes na cadeia de poder da Suécia. A princípio o primeiro assassinato, por se tratar de um político, desperta a ideia de um atentado terrorista e leva à investigação para esse caminho. Há falhas, erros, furos e mortes desnecessárias…
Mas aí, outros assassinatos acontecem e os indícios apontam claramente para algo orquestrado. E por uma mente muito bem-preparada que sabe exatamente o que precisa ser feito. Desnecessário dizer para vocês que começa, então, aquela famosa corrida contra o tempo para identificar e deter quem quer que seja.
Cabe ressaltar que Joona Linna está cumprindo pena na prisão, o que faz dele um investigador bem diferenciado dos heróis infalíveis do suspense (talvez Harry Hole, do norueguês Jo Nesbø, possa ser o personagem que mais se aproxime dele em suas características bem humanas de criação).
E é a Joona que a polícia vai pedir ajuda quando as coisas começam a desandar. E é ele que vai começar a juntar as peças do quebra-cabeças e nos trazer as explicações. Na trama há ainda situações bem inusitadas com Saga Bauer nos Estados Unidos e um último parágrafo que já serve claramente de abertura para o próximo livro.
A obra de Kepler – e O Caçador não difere em nada quanto a isso, tem um estilo próprio que vai se repetir em todas as histórias. Os capítulos são curtos e têm ritmo acelerado. Os mistérios são bem elaborados e os vilões não são nem um pouco amadores. O conjunto de personagens é bem construído em todos os seus detalhes.
Tudo é meticulosamente pensado. Desde os crimes até o processo de investigação. E, diferente de muitos outros suspenses que bombam na lista de mais vendidos, em nenhum momento o autor zomba da inteligência dos leitores forçando a barra em cenas ou explicações. É tudo muito bem fundamentado.
O Caçador é um suspense de extrema qualidade e que vai reforçando ainda mais minhas preferências em devorar qualquer obra do gênero escrita por autores nórdicos. E existem muitos títulos bons chegando ao Brasil… Vale conferir!