[Resenha] Confesso: A autobiografia

Goutyne
By Goutyne

Rob Halford é vocalista de uma das bandas de metal mais importantes da Grã-Betanha: Judas Priest. Prestes a completar 70 anos de idade ele nunca imaginou passar por uma pandemia que o impossibilitasse de fazer o que ele mais ama: estar nos palcos perto de seus fãs. Mas esse período infinito em que estamos vivendo o fez revirar suas memórias e confessar seus pecados nesse biografia, em que ele conta detalhes sobre sua vida pessoal que, provavelmente, nenhum fã fervoroso da banda saiba.

Eu não me considero fã do Judas Priest, porém cresci ouvindo bandas que foram inspiradas por eles e que me mostraram o que é adorar uma banda e ser uma headbanger, portanto não há como negar a importância deles para a formação do meu gosto musical e mais do que isso a importância da representação de Rob Halford para o metal. Além de ser um cantor excepcional, e eu convido vocês a ouvirem algumas músicas após a leitura do post, sua história de vida é de deixar qualquer pessoa perplexa e, muitas vezes, duvidando como que ele conseguiu chegar até aqui.

Ele cresceu em uma pequena cidade próxima a Birmingham, na Inglaterra. Já no inicio do livro ele descreve esse lugar, que era uma cidade industrial, com o cheiro e o gosto do metal. Sua infância foi tranquila, mesmo com as brigas de seus pais ele diz que não carrega nenhum trauma em relação à isso, com exceção do seu medo de confrontamento. A vida de Rob começou a mudar quando ele percebeu, ainda com 10 anos, que é gay.

Mesmo tendo plena consciência da sua sexualidade ele não entendia muito bem o que é ser um homem gay na sociedade, qual era o seu papel, e em algumas situações de abuso muitas vezes ele se questionou isso. “É isso que é ser gay?” se referindo à um homem mais velho que abusa de vulnerabilidade de outro mais jovem. Rob conta no livro todas as suas descobertas e relacionamentos que ele teve ao longo da vida, desde o primeiro bar gay, a primeira revista lgbt e o primeiro glory hole [buracos estrategicamente posicionados para que homens pudessem fazer sexo oral em banheiros públicos, muito comum na época], que inclusive se tornou um hábito que ele fazia sempre que estava na estrada.

Muito além de sua vida pessoal o livro conta um pouco da história da banda através das gravações dos álbuns e relatos da turnê, inclusive turnês na América do Sul onde ele relata sobre um estrelismo de Axl Rose no Rock in Rio II, em 1991. Para quem escuta a banda há anos deve ser muito bom ler relatos sobre algumas das composições mais importantes do cantor e poder saber, de fato, o que elas significavam para ele na época.

Também é interessante ver todos os problemas que aconteceram com alguns álbuns para não ter sido muito bom, na critica e nas vendas. Rob não poupa o seu fã ao contar as verdades, mesmo que ela não seja boa de ler. Uma das melhores coisas para mim foi ver o carinho que ele tem por seus companheiros, da mesma forma que eles tem por Rob. Isso fica claro ao percebermos que mesmo que Rob nunca tenha contado, por muitos anos, sobre sua sexualidade, e que fosse óbvio para todos, eles sempre o trataram como igual, respeitando suas composições, sua vida pessoal e muitas vezes tendo que conviver com os amantes tóxicos do cantor.

Claro que isso é o mínimo que esperamos das pessoas, mas considerando que é os anos 80 e eles são uma banda de metal (que tem uns fãs muito tóxicos, ainda nos dias atuais) é de acreditar que nada está perdido ainda. E acho que nem preciso falar do quão importante esse homem é para os fãs lgbtqia+ do metal, né? Eu gostaria de ter tido idade suficiente em 1999, quando ele se assumiu em plena MTV, para entender a importância que tem.

Quando você vive no armário, quando vive uma mentira, passa todos os dias da sua existência tão tenso e reprimido, que, quando enfim sai dele, recebe uma explosão de sinceridade e clareza.

Rob Halford conta aqui um pouco sobre todas as fases de sua vida e todas as consequências que isso trouxeram para ele, mas não apenas de coisa triste sua história é feita. Apesar de relacionamentos fracassados e o alcoolismo ele passou por coisas muito boas em sua vida e é grato por isso, é grato a banda por isso. Gosto de ler biografias para ver essas fases das pessoas ali retratadas e entender o que tal atitude representou e no caso de Rob eu quis compreender muito mais como foi para ele ser gay em um universo tóxico como o metal.

Então ler tudo o que ele conta no livro, sua ruina por ter que se esconder por tantos anos, e vê-lo hoje em dia em seu Instagram sendo tão livre, usando salto alto ou com a bunda de fora, é simplesmente maravilhoso. Eu já admirava o cantor pelo seu talento, seja no Judas Priest ou nas participações que ele fez em músicas de bandas que eu adoro, hoje eu admiro também a pessoa. Vou torcer para que essa pandemia acabe logo para que Judas Priest possa vir ao Brasil com uma de suas turnês e, mais vez, Rob se impressione com o fanatismos do público latino-americano.

Antes de finalizar eu preciso falar que adoro o clichê Rob Halford fã de diva pop ♥. Ele conta sobre quando foi no show da Lady Gaga e quando soube que ela é uma grande fã do Judas Priest. Eu vejo essas coisas já fico doidinha esperando um feat um dia. E umas outras fofoquinhas e encontro de pessoas famosas (nada muito polêmico, o cara não quer ser processado, né kkk).

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