[Resenha] Nosferatus: As Crônicas de Adlahill

Redação

Sendo nada mais nada menos do que filho de Stephen King, é claro que Joe Hill só poderia criar uma obra-prima. Não li muitos livros do Stephen King para comparar um e outro e na verdade essa nem é a intenção, mas o fato é que o cara aprendeu muito bem a fazer um terror/suspense ao longo dos seus livros. Tive a chance de ler os outros livros do Hill e ao iniciar a leitura de Nosferatu cheguei a seguinte conclusão: O inicio dos seus livros são monótonos e muitas vezes da vontade de desistir, porém quando o leitor finalmente começa a se conectar com a história e seus personagens a leitura acaba fluindo de uma forma que fica até difícil tentar explicar. Ao finalizar a leitura é quase certo que o leitor apenas fique refletindo por vários minutos pensando “noooossa!“.

O livro nos da um panorama da vida da protagonista, Vic. Somos apresentados à sua infância e em como ela descobriu seu misterioso dom de encontrar coisas perdidas e viajar para qualquer lugar usando apenas a sua bicicleta. Passamos por sua adolescência (periodo em que sua vida começou a ficar conturbada) até o momento em que ela decide que quer arrumar uma encrenca e sua bicicleta a leva até Manx, o grande vilão da história. Manx é um homem velho de aparência feia, sua descrição bate perfeitamente com o próprio Nosferatu. Ele também possui dons semelhantes ao da Vic, porém ele usa seu carro para atravessar até a Terra do Natal (entendeu agora o motivo de botar essa resenha no natal?).

Durante a leitura muitas coisas ficam implícitas sobre o que Manx faz com as crianças que sequestra, e tudo que se sabe é que essas crianças nunca mais foram vistas. Quando Vic encontra Manx ela não é mais uma criança, na realidade ela tem 17 anos, e o velho gosta dos mais novos; Ela consegue fugir dele e também coloca-lo na cadeia, e é por isso que após sair tudo o que ele quer é vingança. Sim, me desculpa. Eu sei que não costumo fazer isso nas minhas resenhas e geralmente não gosto de ler resenhas que são assim, mas o livro é tão grande, tão complexo e cheio de pequenos personagens com suas histórias paralelas que eu senti a necessidade de explicar um pouco do enredo antes de dar continuidade.

De todos os livros lançados pelo Hill até o momento com certeza esse é o melhor. A forma como ele desenvolveu a história, inserindo personagens ao longo da narrativa que aparentemente não serviria para nada, mas que no final acabaram se conectando com todo o resto, foi de tirar o folego.

O livro é cheio de detalhes, muitas vezes desnecessários, que nos dá uma ideia geral do ambiente e dos acontecimentos. Nós não achamos que os detalhes são importantes até, finalmente, perceber o motivo do autor ter colocado eles ali. Em alguns momentos durante a leitura me vi indo contra Vic e a favor de Manx. Me vi desacreditando em sua sanidade e questionando se tudo não era apenas fruto da sua cabeça louquinha.

Apesar de Vic ser uma ótima personagem, acho que Manx se tornou meu preferido. Hill soube construir um ótimo vilão e não porque ele é pura maldade, vilões assim são apenas vilões e não atraí ninguém. Ele é um ótimo vilão pois suas cenas deixam o leitor cheio de dúvidas sobre a sua maldade, suas cenas deixam o leitor até com pena em alguns momentos, suas cenas nos fazem rir e até ganha nossa simpatia. Manx é o vilão perfeito pois consegue enganar o leitor da mesma forma que engana as criancinhas.

Acho que vale dizer que Nosferatu não é um livro com final surpreendente de cair o queixo. Ao terminar o livro, por um minuto, achei ele bem nonsense, mas quando pensei em todo o contexto da história ele fez todo o sentido. Nosferatu não é o tipo de livro que te deixa com medo e sim angustiada. É um ótimo livro para sair da zona de conforto, caso não seja fã do gênero. É um ótimo livro para tentar entender um pouco mais de fantasia e loucura. E claro, é um ótimo livro para quem ama o Natal! Afinal, quem é que não gostaria de viver o Natal todos os dias?

Todo mundo vive em dois mundos, não é? Tem o mundo físico… mas tem também nossos próprios mundos particulares, internos, o mundo de nossos pensamentos. Um mundo que não é feito de coisas, mas de ideias. É tão real quanto o outro, mas fica dentro da gente. É uma paisagem interior.

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