[Resenha] Neve e Cinzas

Redação

A corte de Inverno está em guerra com Angra, um tirano que quer conquistar todo o poder e que escravizou o povo de Meire. Ela e as pessoas que sobraram de Inverno estão foragidas vivendo como nômades, inclusive o rei Mather, seu amigo de infância. Sir não chega a ser um pai adotivo para Meire, mas eu gostei bastante do desenvolvimento dos dois. Pareceu real. Assim como a relação de Mather e Meire não foi superficial como nos outros livros que já li. Foram poucos em que eu shippo fortemente um casal, e eu admito, suspirei pelo Mather em alguns momentos, por que não?

Ele se parece com um rei de verdade. E ele realmente mostra gostar da Meire e vice e versa… até aparecer o Theron, a outra ponta do triângulo. Ele não foi um antagonista forte para o Mather no começo, mas no fim do livro Mather passou a não ser um antagonista forte para ele. E, em apenas nesses dois casos, Estilhaça-me e Neves e Cinza, que acabou o livro e eu não soube dizer com quem a protagonista ficará no final. Pois bem. Parece que a autora também não sabe! Eu geralmente não gosto de um livro inteiramente por conta de romance demais, mas em Neve e Cinzas não temos um exagero disso. Por isso foi tão gostoso pra mim enquanto lia esse livro. 

Era uma vez um livro que eu não entendia por que todo mundo pegava no pé de uma personagem por ela, corajosamente mal interpretada, ser tido como impulsiva e criança e burra. Bem, eu tinha lido uma resenha antes de Neve e Cinzas ser lançado no Brasil e reparei que algumas pessoas comentavam muito sobre o quanto Meira era impulsiva e o quanto isso irritava. Acontece que existem padrões na literatura, e que se os personagens principais não seguirem esse padrão são realmente mal interpretados.

Mesmo eu estando armada com todos esses pré-conceitos e com a mente bem aberta, até mesmo para mim foi um pouco conflitante acompanhar Meire em sua busca por reconhecimento. Ela é teimosa demais! Só que se ela não tivesse feito as coisas que fez não teria história e nem a ação (algumas – incontáveis – coisas foram descobertas pela desobediência e persistência dela).

Então vamos lá. Acho que para ter essas descobertas a autora deveria ter trabalhado um jeito diferente que não fosse colocar a Meire como inconsequente. O leitor trabalha com interpretação humana, um livro todo é sobre um personagem e sobre suas escolhas e sobre quem ele é. Então, infelizmente, ele será julgado pelo o que ele faz. E mesmo amando (olha a ironia disso) um personagem impulsivo, Meire é um pouco absoluta demais como uma pessoa que eu conheço muito bem. 

Meire é incrível, e eu instantaneamente simpatizei com ela. Ela seria alguém que eu poderia desenvolver uma conversa agradável. Ela no começo é o tipo de pessoa sem nada a oferecer e que ainda assim quer contribuir. Que quer fazer parte de alguma coisa. E isso é motivador! Frustra demais personagens com “dons” participando de algo grande como se apenas eles pudessem fazer parte daquilo. E não é assim. Superman não é motivador pra mim, mas Batman é. Eu poderia ser um Batman. Então eu realmente não gosto quando os autores empoderam os personagens como se pra eles estarem ali é porque eles estão ali pelo poder ou algo assim.

Pessoas comuns podem fazer parte de algo grandioso também. Estou cansada do escolhido. Cansada! É claro que, por ser um livro de magia, eu esperava que Meire não estivesse ali à toa. Eu esperava que algo a envolvesse. Mas eu não queria que tivesse sido daquele jeito, e o clímax do livro me desmotivou completamente. Meire poderia ter sido uma personagem singular, mas ela acabou se tornando igual às outras. Algo banal. E não acho que o final foi bom o bastante para eu querer ler desesperadamente o próximo livro.

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