[Resenha] Fissura, de Karin Slaughter

Redação

Segundo livro protagonizado pelo investigador Will Trent, Fissura traz uma Karin Slaughter madura na construção de sua trama, conferindo uma agilidade e um clima de mistério bem superiores ao livro de estreia, Tríptico. Basta dizer que a obra já começa com muita ação em uma sequência que dá o tom do que vem pela frente, além de fisgar a atenção do leitor “de cara”. Após ler algumas obras que me deixaram ainda com dúvidas sobre o real talento da autora, Fissura veio como um arrasa quarteirão colocando Karin definitivamente na minha lista de preferidos.

Enquanto sequência, apesar da leitura independente poder ser feita tranquilamente, Fissura traz qualidades e características que vão muito além do mistério a ser desvendado pela trama. Em primeiro lugar, temos um desenvolvimento de personagens-protagonistas mais amplo. O Will Trent que conhecemos no primeiro volume dividia atenções com outros personagens e ainda atuava de forma tímida. Aqui, ele é o centro da trama e seu lado pessoal, principalmente o passado, é apresentado em detalhes aos leitores. Podemos afirmar que é a partir deste livro que Will toma forma como um protagonista de fato. E temos a introdução de sua parceria de trabalhos e um melhor desenvolvimento de outros personagens que vão povoar os próximos livros.

Um segundo ponto de extrema qualidade é a forma como Karin conduz sua trama para longe do simples mistério e mais perto do íntimo de cada personagem envolvido. A família vítima do crime que é investigado no livro é esmiuçada em seu íntimo. Cada um dos membros ganha traços humanos detalhistas, de forma a aproximá-los dos leitores. Temos reflexões interessantes sobre “o mundo real” que fazem da ficção algo muito próximo da realidade. Aqui, como já falei em resenhas anteriores de sua obra, Karin mostra sua maior característica: a preocupação em conferir conteúdo de qualidade, fugindo do “suspense pelo suspense”. Isso permite que leitores dos mais variados gostos possam degustar a obra, sem risco de frustrações.

Por fim, para falarmos do enredo de Fissura, basta focarmos na forma como ele se sustenta bem longe dos clichês. A investigação não encontra facilidades e se arrasta, no bom sentido, no mesmo ritmo do mundo real. Não há milagres no caminho dos detetives e eles estão passíveis de erros, como qualquer um. Sobressai aqui outra característica que vamos ver se repetir em toda a obra de Karin: ela não tem nenhuma pressa em colocar um ponto final em suas histórias. Ou seja, tudo flui num ritmo bem determinado, sem atropelos. Existe muita ação, mas essa divide espaço com o correr do tempo.

Mais maduro e com qualidades a perder de vista, Fissura é o livro-chave (para quem curte seguir a ordem de publicação) para nos tornarmos fãs de Karin Slaughter. Suspense e drama se harmonizam muito bem para entregar aos leitores uma obra de excelência.

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