[Resenha] Estilhaça-Me, de Tahereh Mafi

Goutyne
By Goutyne

Reler, reler e reler o livro favorito é uma das coisas que leitores mais amam fazer, né? Eu acho que já reli Estilhaça-Me umas três vezes e a história sempre me encanta. Mas desta vez tentei fazer essa leitora de forma mais critica do que das outras vezes, que sempre fui levada pela emoção que eu sabia que a história me causaria. Qualquer coisa que fazemos de forma critica geralmente tem resultados negativos e, infelizmente, isso aconteceu aqui quando passei fazer uma analise de alguns acontecimentos da história. Quero dizer que eu ainda amo a história e minha meta é reler os outros três livros que tenho aqui e ler todos os outros que estão faltando (eles não param de sair da toca do coelho).

Estilhaça-Me faz parte do grande boom das distopias de alguns anos atrás. Esse aspecto acabou sendo esquecido pelas leitoras, pois a (originalmente) trilogia tem grandes quantidades de romance desde as primeiras páginas. Como se não bastasse no inicio há um triangulo amoroso, que na época também era moda e um requisito de leitura para muitas leitoras. Minha eu de 2014 amou o romance do livro e deixou um pouco de lado tantos outros aspectos do livro, minha eu de 2021 tentou ver a história com os olhos fechados para o romance.

Eles pensam que podem apagar minhas memórias, minhas lealdades, minhas prioridades com algumas refeições quentes e um quarto com vista para fora. Eles acham que sou muito fácil de ser comprada.

Como uma distopia juvenil Estilhaça-Me é um livro que deveria ser lido para mostrar as consequências do nosso atual estilo de vida aos mais jovens (e alguns adultos, que são teimosos demais para entender). Em muitas divagações de Juliette há um paralelo em como o mundo está atualmente, na questão natural/física e não na politica, e como ele era, segundo relatos que ela ouvia. O que acontece é que as estações mudaram, desastres naturais eram mais recorrentes, os animais passaram a morrer, e por aí vai. O mais evidente dentro da história em relação a todas essas mudanças é que diversas vezes ela diz que “os pássaros costumavam voar” mas ela nunca sequer viu um pássaro. Isso faz com que Estilhaça-Me seja uma distopia pós-apocalíptica? Eu particularmente acredito que não. Mesmo que haja esses problemas, que em um momento ou em outro levarão ao colapso do Planeta Terra, acho que a trama nesse aspecto seja muito mais apocalíptica já que o “fim do mundo” está em andamento (mesmo que em nenhum momento isso seja afirmado na trama, até porque as pessoas não percebem isso com clareza).

A evidente destruição do Planeta fez com que novas politicas tomassem o poder, dando lugar assim ao Restabelecimento. É à partir daí que é interessante acompanhar a história. O Restabelecimento era a promessa de um Mundo unido e melhor. Era a promessa de que ninguém passaria fome e viveriam uma vista justa. O Restabelecimento se fez como a única esperança a humanidade, caso contrário todos padeceriam. Isso te lembra alguma coisa? A realidade é muito mais cruel, além da humanidade estar a mercê da mãe-natureza ainda estão na mão de um exercito impiedoso que procura se beneficiar da fragilidade do momento. Essa entidade vai se desenvolvendo, e relevando, muitas coisas ao longo do livro e irá passar por transformações na segunda parte da história (à partir do 4º livro).

A esperança neste mundo sangra no cano de uma arma.

Mas e Juliette (e já me adiantando em outro ponto: A Juliette é tipo a Vampira do X-Men) e os outros “especiais”? Bom, pode ser uma consequência das mudanças da natureza. Na verdade é a única explicação lógica para isso, já que pessoas com poderes não surgem do nada. Estou curiosa para ler os livros da segunda parte para ver se a autora explicou algo sobre isso e se ele abordou mais os problemas do Planeta Terra em si. Isso ainda vai levar algum tempo, mas vou trazendo aqui as novas impressões. Então por enquanto não vou falar sobre isso, porque é um elemento mais do mesmo quando pensamos em personagens com poderes.

Agora aquilo que todo mundo vai ao delírio: o romance.

Hoje em dia eu não gosto muito de romance, mas é difícil me desapegar de romances e casais que eu já fui apaixonada um dia. Então antes de continuar melhor avisar que eu sou Warnette desde 2014, porém desta vez as estruturas desse ship foram abaladas.

Eu sempre critiquei leitoras que tinham um ship problemático e não conseguiam desapegar do boy lixo por algum motivo. Mas agora eu acho que entendo. Porque eu gosto do Warner, mas ele é um boy muito lixo. Não quero contar coisas da história, mas para explicar meu ponto preciso dizer que ele toca Juliette de modo inadequado quando claramente ela não quer ser tocada. Ele tenta força-la a toca-lo sem luvas/proteção, ele faz abuso psicológico nela desde o primeiro dia em que ela foi para a mansão do Restabelecimento. Ele simplesmente escolhe as roupas dela, com quem ela pode falar, o que ela deve comer e por ai vai. Acho que eu nem preciso falar mais nada para deixar claro que ele é extremamente tóxico e abusivo de um jeito que se fosse qualquer outro livro eu sentiria nojo dele (e estou sentindo, mas eu lembro dos momentos fofos que terá daqui pra frente e esqueço!!!! eu sou péssima).

Bom, eu ainda vou reler mais três livros e tem outros não sei quantos depois e muita coisa pode mudar no meu xodó pelo Warner, mas uma coisa eu sei: Impossível gostar do Adam. No começo ele é as mil maravilhas e um fofo, porém ele tem seus aspectos abusivos também e ele é um dos piores tipos, pois tem “abusos leves” onde nem percebemos o abuso. Como essas coisas vão acontecer nos próximos livros eu não vou dar tantos detalhes aqui, pois eu também não me lembro de tudo. Aqui ele parece a promessa de esperança para uma vida melhor, mas lembre-se: O Restabelecimento também era. Ele não é uma má pessoa, mas é egoísta demais.

Meu rosto está em suas mãos e meus lábios estão em seus lábios e ele está me beijando e eu sou oxigênio e ele está morrendo para respirar.

Bom, é acho que é isso. O texto já está gigante, me desculpem. Mas se você chegou até aqui eu agradeço muito. ♥ Não quis fazer uma resenha do livro em si pois eu acho que nem consigo, já que eu amo demais a escrita da autora e acho o livro incrível com todas as licenças poéticas que ela toma a liberdade de usar.

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