[Resenha] Coração Artificial

Redação

Li Coração Artificial há alguns anos, logo quando comecei a ser resenhista no Cantar em Verso. Viviane foi uma das primeiras parcerias que tive na época e quem acompanha aqui sabe que ela já escreveu várias resenhas sobre livros e séries. Então resolvi ressuscitar essa resenha do antigo Cantar em Verso, porque primeiro: me deu saudade dos personagens; segundo: descobri que ela alterou a capa; e terceiro: acho que todo mundo deveria conhecer esse livro. 

Como já nos explica a sinopse Gabriel é filho de um magnata; O que a sinopse não nos diz é que esse magnata é um homem frio e manipulador, que usa de chantagem para ter o que quer do filho. Acredito que pela forma como Gabriel foi criado tudo está errado na sua vida e até em sua personalidade. Ele faz uma faculdade que odeia, não tem muitos amigos e admite que não se importa com isso, é antipático em alguns momentos e extremamente orgulhoso o tempo inteiro. Em algum ponto da história ele se compara com esses badboy dos livros, mas eu acho que ele é apenas um garoto insensível. 

Ele conhece Alicia na faculdade em um raro ato de bondade de sua parte. Nos dias que se seguem ele passa a ignora-la até o dia que a viu cantando em uma barzinho da cidade. Ele se encantou com a coragem de Alicia em se apresentar diante de um publico, coisa que ele nunca teve e acredita que nunca terá coragem de fazer. Gabriel faz engenharia por pressão do pai (aquela velha história de seguir tradição da família, coisa de gente rica) mas seu sonho é ser músico e nunca teve coragem suficiente de enfrentar seu pai ou de cantar em um palco.

É partir daí que eles se aproximam de uma forma bem inocente. O relacionamento entre eles não é nada arrebatador ou desesperado, pelo contrário. Mesmo sendo evidente o interesse de Gabriel por Alicia, e vice-versa, eles pouco agem como um casal apaixonado. Como eu disse Gabriel e insensível e em diversos momentos fiquei extremamente incomodada com o modo como ele tratava Alicia, mas ao mesmo tempo eu o entendia bem de onde aquilo vinha, pois com a sua narração é fácil entende-lo e não odia-lo por suas atitudes. Alicia, ao contrário do que pode parecer, não é o tipo de garota livre. E eu uso esse adjetivo pois é bem clichê em alguns livros/filmes onde o personagem é manipulado pela sua família que seu interesse amoroso esteja em uma situação contrária. Os pais de Alicia são super protetores a ponto de se mudaram de cidade com ela para o período de faculdade. O que me agradou na personagem foi a forma como ela encara o mundo, sua família e Gabriel. É uma garota bem humorada e que aprecia as coisas mais bobas da vida (tipo um quintal com gramado verde). Porém não gostei de vê-la aceitando em diversos momentos o jeito como Gabriel fala com ela, sem nem ao menos fingir que se incomoda. Mesmo após o fim do livro tentei entender os motivos dela mas não obtive sucesso, entretanto isso não deixou a leitura menos agradável.

Estar vivo é como assistir a um filme de terror sem saber o que encontrará a seguir.

Em alguns momentos durante a narrativa senti falta de reviravoltas. É muito agradável ler um livro onde a cada final de capítulo o leitor fica sem ar ou surpreso e durante alguns momentos senti que a autora pecou nesse aspecto. Assim como também não me senti totalmente emocionada (ou confusa ou irritada) com a maior revelação do livro. Aconteceu tudo tão rápido e nesse momento temos apenas Gabriel querendo entender o que está acontecendo e exigindo respostas, porém não me senti como ele. Pensando sobre o momento agora acho que ele foi muito paciente em procurar pelas respostas e não se permitindo sentir raiva e isso chega a ser frustrante como leitora. Talvez esse seja um comportamento tipico masculino – já que às vezes mulheres sentem tanta raiva que acabam apenas falando besteira, gritando e batendo portas.

Coração Artificial tem vários personagens secundários mas o que eu mais adorei foi Vitor, irmão de Alicia. Apesar de ter certeza que todos devem odia-lo eu senti que ele deveria ser melhor desenvolvido na história. Fiquei curiosa para conhece-lo melhor e entender seus sentimentos em relação as coisas que acontecem com sua família. No fundo eu acho que ele é o tipo de pessoa incompreendida e que não mede consequências dos seus atos.

— Você é uma otimista mesmo, para depois de ouvir o que ouviu ainda dizer isso — e voltei os olhos para ela, encontrando seus olhos que já olhavam para mim.
— É uma característica do otimismo acreditar no lado bom das coisas, não é? — ela disse, em resposta. Ou realmente não absorveu o que foi dito atrás daquela parede ou fingia muito bem.

O livro parece ser longo mas é uma leitura rápida. Viviane escreve muito bem e tem uma delicadeza que, acho eu, característica da pessoa. Você pode ler a resenha de Senhora de Dois Mundos, também da autora, aqui no blog.

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