[Resenha] Boneco de Pano

Redação

Boneco de Pano é aquele suspense que fisga o leitor já nas primeiras páginas, sem necessidade de forçar a barra para parecer inovador demais. O basicão do romance policial está ali, jogado na nossa cara sem muitas delongas: um crime da pesada e um serial killer disposto a brincar com a inteligência da polícia. Posto isso, mergulhamos numa investigação frenética de corrida contra o tempo em que a vida de um dos próprios investigadores está ameaçada.

O polêmico detetive William Fawkes, conhecido como Wolf, acaba de voltar à ativa depois de meses em tratamento psicológico por conta de uma tentativa de agressão. Ansioso por um caso importante, ele acredita que está diante da grande chance de sua carreira quando Emily Baxter, sua amiga e ex-parceira de trabalho, pede a sua ajuda na investigação de um assassinato. O cadáver é composto por partes do corpo de seis pessoas, costuradas de forma a imitar um boneco de pano.

Enquanto Wolf tenta identificar as vítimas, sua ex-mulher, a repórter Andrea Hall, recebe de uma fonte anônima fotografias da cena do crime, além de uma lista com o nome de seis pessoas – e as datas em que o assassino pretende matar cada uma delas para montar o próximo boneco. O último nome na lista é o de Wolf. Agora, para salvar a vida do amigo, Emily precisa lutar contra o tempo para descobrir o que conecta as vítimas antes que o criminoso ataque novamente. (Resenha: Boneco de Pano – Daniel Cole)

A qualidade da história é um dos pontos que mais chamam a atenção nesta obra. Temos seis pessoas já assassinadas cujas partes dos corpos compõe o tal boneco de pano e temos mais seis pessoas, com nomes revelados, que serão as próximas a morrer. A tarefa é tripla: descobrir a identidade dos mortos, proteger os que ainda estão vivos e, claro, prender o assassino. Um conjunto de ações que dão o ritmo de thriller para o livro e nos fazem devorar as páginas. Pensem que consumi as pouco mais de trezentas páginas em três dias!

A investigação nesta obra não está nas mãos de um único detetive, mas de todo um departamento de polícia. Este diferencial do romance policial tradicional permite que o clima de suspense se amplie com cada um dos personagens lidando com variadas questões. São amplas frentes de caça ao serial killer e em cada uma delas vamos desvendando, também, a vida de cada personagem. Todos, a seu modo, extremamente cativantes e bastante convincentes.

Abordada como pano de fundo da história, e em alguns momentos com atos decisivos ou que influenciam nos rumos da investigação, a imprensa sensacionalista é retratada de forma crua e sem nenhum pudor. A sede da notícia em primeira mão, independente do que ela causará ou a quem afetará, que cada vez mais vem ganhando adeptos no mundo, está exposta em todos os seus detalhes e intrigas de bastidores. Uma sede que acaba servindo aos propósitos do assassino. A imprensa que nos romances policiais do século passado exaltava a figura do detetive quase infalível, passa agora a quase ser útil ao serial killer que lhe traz audiência.

Costurando essa narrativa, excelentes tiradas de humor, às vezes de mal gosto, nos provocam bons sorrisos no rosto em meio à tensão de uma autópsia ou de uma nova pista encontrada. Impossível não se envolver na busca pela solução do mistério e no cotidiano de cada personagem. Do detetive consagrado ao novato que parece deslocado naquela situação.

Atrevo-me a dizer que Boneco de Pano é um dos melhores romances policiais do ano. O estreante Daniel Cole soube construir uma trama que não foge das características mais marcantes do gênero, mas que dá novos ares com pequenos toques de inovação. É suspense de primeira qualidade e que nos deixa com aquela sensação de renovação. Autores promissores estão aparecendo e o gênero está garantindo o seu futuro. Coincidência ou não, Daniel Cole é inglês… A boa e velha Inglaterra de Conan Doyle e Agatha Christie. Amém!

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