[Resenha] A Letra Escarlate

Goutyne
By Goutyne

Na minha TBR do Desafio 30 livros antes dos 30 anos, por algum motivo, eu coloquei A Letra Escarlate. Esse é um livro que sempre ouvi falar, mas não através de resenhas e divulgações, e sim por algumas referencias em outros livros, filmes e séries, então acho que minha curiosidade ficou um pouco atiçada. Ainda bem que coloquei ele sem muita expectativa na lista, pois o livro me surpreendeu bastante. A protagonista, Hester Prynne é considerada uma das primeiras “heroinas” da literatura estadunidense e o livro sendo escrito em meados de 1800 não é de se surpreender que tenha grande relação com a igreja e com a ideia de uma mulher meretriz. 

Mas para ficar mais fácil o entendi é melhor da uma resumida na história: Hester é uma jovem que inicia o livro sendo levada a um cadafalso com um bebê no colo. Ela é acusada de adultério e possui uma letra A na cor escarlate bordada no peito, e essa marca ela precisará carregar para o resto de sua vida. Na noite em que ela é liberada do cadafalso um homem que se diz médico aparece para ajuda-la e ali é revelado que ele é na verdade o marido dela, que estava desaparecido há algum tempo e pede a ela para não revelar a cidade sua verdadeira identidade e ao questionar a respeito do pai da criança ela recusa-se a revelar, mas ele promete que irá descobrir.

(…) por mais arrogante que fosse sua postura, Hester possivelmente agonizava diante daqueles que se aglomeravam para vê-la, como se seu coração tivesse sido atirado no meio da rua para que todos escarnecessem dele e o pisoteassem.

Apesar do o livro não ser nem de perto um favorito eu gostei dele com algumas ressalvas. Eu sempre pensei que a história fosse super machista, levando em conta até mesmo o contexto histórico, mas ele não é bem assim. O autor sempre faz questão de falar sobre a força da personagem e de como ela aguenta tudo aquilo diante das pessoas e até mesmo ao longo dos anos, e em outros momentos há a sua fraquezas, sua submissão em relação a aquilo.

É interessante essa ambiguidade, já que ao mesmo tempo que ela pode ser forte e aguentar aquilo ela também é um ser humano, tem seus sentimentos e acha que precisa obedecer aqueles que são mais fortes pelas suas posições sociais. A premissa de que Hester é uma heroína vai além do seu papel no livro, já que ela acaba tendo pequenas conquistas ao longo do livro que vai contra tudo o que seus algozes esperam dela. Hester consegue criar sua filha sozinha, ela tem uma carreira que é requisitada por todos daquela cidade e mesmo de forma sutil ganha o respeito das pessoas. Em certo momento eles até consideram livra-la da letra escarlate.

Assim como qualquer livro clássico a narrativa é um pouco chata em alguns momentos. Eu tenho um problema com histórias que me passam a impressão de estar enrolando leitor, sabe? E aqui eu senti um pouco disso em alguns diálogos que eram repetitivos e cenas que demoravam para ter um objetivo, mas de qualquer forma o livro não é longo e da para aguentar isso tranquilamente. Acho que A Letra Escarlate vale muito a pena ler para conhecer essa personagem tão diferente daquelas retratadas em sua época e principalmente para ter mais um vislumbre de hipocrisia e intolerância que a igreja tinha (e ainda tem) em relação as mulheres. 

Bom, muitas coisas poderiam ser faladas nesse livro. Acho que o que eu mais queria falar diz respeito a parte final da obra, mas ai seria um spoiler que acho mais interessante vocês lerem para descobrir. De qualquer maneira é um livro que da para analisar de várias formas e vai de cada leitor. Sei que muitos não gostam de clássicos, mas eu indico muito. Vale a pena.

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