Houve ganhos significativos de produtividade ao longo do último século, mas por que as pessoas continuam trabalhando intensamente? A produtividade nos EUA aumentou quase 300% entre 1950 e 2018, enquanto a semana de trabalho padrão permaneceu em cerca de 40 horas.
Este paradoxo é evidente, especialmente no Brasil, onde a média anual de trabalho é de 1.767 horas, em comparação com 1.354 na Alemanha, em grande parte devido à falta de tempo de férias dos brasileiros.
Alguns argumentam que os brasileiros são simplesmente mais trabalhadores, mas deveria o trabalho mais com produtividade ser recompensado com mais tempo livre? Este é o cerne do meu novo livro, “Tempo Livre: A História de um Ideal Ilusório.”
Keynes Erra a Marca da Produtividade
Muitos economistas veem o status quo como uma escolha, priorizando dinheiro sobre tempo livre e mais Produtividade. No entanto, no passado, acreditava-se que, à medida que as necessidades fossem atendidas, as pessoas escolheriam mais tempo livre. Keynes previu em 1930 que a semana de trabalho diminuiria para 15 horas em um século. No entanto, os americanos ainda trabalham em média 41,7 horas por semana.
Consumismo e Trabalho Forçado
Mudanças na publicidade, obsolescência planejada e o consumismo mantiveram os trabalhadores dedicados a longas horas para sustentar seus estilos de vida. À medida que os salários aumentavam, o custo de oportunidade do tempo livre crescia, tornando-o menos atraente economicamente. Em uma sociedade consumista, o tempo gasto fora do trabalho era visto como tempo perdido.
Trabalho de 40 Horas: Escolha ou Resultado de Batalha Política?
A semana de 40 horas não foi uma escolha livre, mas sim resultado do Fair Labor Standards Act de 1938. Impulsionado por um movimento operário forte, o governo implementou políticas progressistas para combater a exploração. Inicialmente proposta como uma semana de 30 horas, o compromisso foi alcançado.
A Mudança no Consenso e a Semana de 80 Horas
Desde os anos 1970, os salários não acompanharam o crescimento econômico, levando muitas famílias a depender de dois assalariados trabalhando 40 horas por semana. A semana de 40 horas foi, de certa forma, substituída por uma semana de 80 horas, impactando a vida familiar e contribuindo para a diminuição da taxa de natalidade.
Separando Crescimento Econômico e Bem-Estar
A necessidade de reconsiderar contratos sociais do passado surge diante da falta de tempo livre. Embora muitos prefiram trabalhar, reduzir a semana de trabalho padrão, talvez para quatro dias, poderia aliviar o estresse familiar. No entanto, essa mudança requer ação política.
Desafios na Busca por uma Semana Mais Curta
Reduzir a semana de trabalho parece quase impossível com a resistência política. Líderes eleitos priorizam o crescimento econômico, enquanto a mídia destaca dados trimestrais sem considerar os benefícios do tempo livre. A necessidade de incluir o tempo livre na equação é crucial, considerando o estresse econômico e as questões sociais.
Romantizando a Ideia de Mais Tempo Livre
A crença de que o aumento da produtividade pode proporcionar mais tempo para a vida não é apenas romântica; Keynes via isso como razoável. Embora oportunidades como a semana de trabalho de 40 horas raramente surjam, uma mudança de paradigma é urgentemente necessária. O status quo parece insustentável, e algo precisa mudar.