É complicado iniciar um relacionamento. Na verdade, é uma luta. Primeiro porque começa-se com os traumas: você relembra o que não deu certo, o que machucou, o que ficou na cabeça como um tiro e não esqueceu de ir embora.
Depois, vem a paranoia e as frequentes perguntas “será que vai dar certo?” “e se doer” “e se eu me decepcionar?”, e é aí que tudo piora, já que na certa o gostar já tomou conta e você nem percebeu.
Foi assim comigo. Tive um medo absurdo de me descobrir dentro dele. Porque de repente eu teria que me explicar de outra forma e estabelecer outro estilo de vida, outras conexões, e eu simplesmente não conseguia pensar na ideia de mudar hábitos, engolir sapos e respeitar o limite imposto.
É difícil entender que a entrega deve ser completamente gratuita, e que as cobranças não combinam em nada com a forma livre que o sentimento deve tomar dentro da gente, não é?
Por isso é tão difícil, a coisa toda.
Quando existe uma puta insegurança pairando sobre dar o próximo passo ou não; aceitar o almoço na casa da família dele ou não; dizer que gosta ou não. Se a gente dizer que gosta, lascou. E se não dizer, piorou.
Então, o que fazer? Em plena pós-modernidade, com uma porrada de informações, tendo ainda que conviver com o fato de que ninguém pertence a ninguém, e que se machucar é quase uma obrigação de resistência, o que fazer, meu Deus?
Foi em meio a tantas perguntas que, voltando da faculdade numa segunda-feira abaixo dos 20cº, percebi que a vida é isso mesmo e que os relacionamentos idem: não há respostas concretas e que só tentando um caminho novo é que saberemos o que nos aguarda. É aquela famosa frase: Vai! E se tiver medo, vai com medo mesmo.