[Resenha] Ar-reverso (Atemwende)

Goutyne
By Goutyne

Considerado pelo poeta Paul Celan seu livro mais radical, Ar-reverso ganha edição pela 34, com tradução de Guilherme Gontijo Flores. Sexto livro do poeta nascido na Romênia, e o penúltimo que publicou em vida, Ar-reverso foi escrito num período conturbado, entre 1963 e 1965, quando o escritor esteve internado algumas vezes para tratamentos psiquiátricos.

O livro dialoga com seu famoso discurso O meridiano, que proferira ao receber o prêmio Georg Büchner, em 1960.

Nele, Celan reflete sobre a tendência do poema ao emudecimento, o papel fulcral do outro no fazer poético e formula, pela primeira vez, o termo com que nomeará a obra: “Poesia: pode significar um ar-reverso”.

Poeta judeu que sofreu na própria pele a barbárie da Shoah, Celan respondeu como nenhum outro ao desafio de “fazer poesia depois de Auschwitz”, reinventando poeticamente a língua de seus algozes para escavar nela uma realidade própria e redentora.

Paul Celan era o pseudônimo usado por Paul Antschel, que nasceu em 1920 em Tchernivtsi, na Romênia (cidade hoje pertencente à Ucrânia).

Sua família pertencia a uma comunidade judaica que prosperara durante os 150 anos de domínio austríaco na região.

Celan cresceu falando alemão em casa e romeno na escola. Também entendia iídiche e mais tarde se tornaria fluente em francês, russo e ucraniano, entre outros idiomas. Mas foi o alemão a língua que escolheu para escrever sua obra poética.

Em 1939, com o início da guerra, Celan abandona os estudos de medicina iniciados em Tours, na França, e se matricula em filologia românica na Universidade de Tchernivtsi.

Em 1940, como resultado do pacto entre Hitler e Stálin, Tchernivtsi é ocupada por tropas soviéticas, e no ano seguinte, com o colapso do pacto, pelas forças alemãs e romenas. Seus pais são deportados para um campo de concentração alemão onde morrem tragicamente em 1942.

Em vida publicou sete volumes de poesia: A areia das urnas (1948), Papoula e memória (1952), De limiar em limiar (1955), Grade da palavra (1959), A rosa de ninguém (1963), Ar-reverso (1967) e Sóis de fio (1968). Deixou ainda três livros, que foram publicados postumamente: Compulsão de luz (1970), Partida da neve (1971) e Sítio do tempo (1976).

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