[Resenha] 12 regras para a vida: Um antídoto para o caos

Goutyne
By Goutyne

O livro é como um manual de sobrevivência ao mundo atual, que cospe bolhas virulentas de ideologias e profanam o sagrado, enquanto ignoram a sabedoria da tradição construída com o sangue e suor dos nossos ascendentes.

A primeira regra, costas eretas, ombros para trás, é, de fato, a primeira regra que devemos aplicar em nossas vidas. Em palestras é possível ver o autor esmiuçando esse conceito, mas o capítulo em si é fenomenal. Com o auxílio de exemplos, conceitos teóricos e analogias como a da lagosta, que já virou meme na internet, Jordan mostra como a postura, tanto física como mental e espiritual, influencia nos resultados que obtemos com nossas ações a curto, médio e longo prazo. Assim, uma postura de vencedor é um passo a mais para vitória. Isso de várias perspectivas; o autor traz até mesmo uma análise biológica, com termos técnicos como a serotonina influenciando diretamente na perspectiva de um vencedor.

A segunda regra, cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua responsabilidade, é tanto um conselho urgente quanto uma crítica. Usando um exemplo execrante dos famosos pais de pet, Jordan mostra a decadência moral e espiritual do nosso século: as pessoas cuidam mais dos seus animais, objetos, posses do que cuidam se si mesmos. Isso é trágico. Em contrapartida, quando começamos a cuidar de nós mesmos, é como uma reconciliação com nosso corpo e nossa alma.

A terceira regra, seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você, é crucial para uma vida em sociedade. Partindo da premissa que o homem é um animal social, Jordan nos mostra as mais diversas devastações morais, físicas e em vários outros contextos que podem acontecer quando nos relacionamos com pessoas que não queiram o nosso melhor. Provavelmente todo indivíduo na Terra tem alguma história para contar sobre algum conhecido, amigo, parente que ferrou com a sua vida em algum momento. Aprender a fazer um crivo entre essas pessoas é essencial. Eliminando pessoas torpes de sua vida, o ganho é enorme; na pior das possibilidades, você deixou de ter em seu convívio uma pessoa que não te leva para frente.

A quarta regra, compare a si mesmo com quem você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje, nos ensina algo que, por vezes, esquecemos: cada um tem suas próprias potencialidades e fraquezas. Embora vivamos em sociedade, cada indivíduo é único; então, quando [nos] comparamos com outras pessoas que atingiram o ápice do sucesso financeiro, profissional, pessoal, acadêmico, etc., corremos o risco sério de desanimar (na melhor das hipóteses), até mesmo, em uma situação extrema, cogitar o suicídio. Não é mais raro, infelizmente, relatos de jovens que se suicidaram quando fizeram tais comparações idiotas com outros amigos e conhecidos da mesma faixa etária que estavam em degraus superiores. Assim, comparação só é saudável quando é feita a si mesmo, no passado, presente e futuro. O decorrer do tempo em nossa própria existência é o melhor juiz da nossa evolução.

A regra cinco, não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles, é uma crítica ferrenha às últimas gerações. Como que em um ciclo praticamente perpétuo, jovens mimados formam famílias mimadas, filhos mimados, netos mimados e assim ad infinitum. Jordan conta até mesmo sobre suas experiências pessoais, como educar efetivamente seus filhos, para que eles sejam agradáveis para a sociedade. Ah, e não confundam agradáveis com um elemento da massa; são coisas totalmente distintas. Ser agradável quer dizer que não vai ser uma pessoa que agrida a sociedade, seja uma agressão física, psicológica, financeira, estrutural, etc.

A sexta regra, deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar mundo, é até clichê mas necessária. Por ser clichê, muita gente acha que não há ensinamento útil que deriva dela; pelo contrário. O autor traz alguns exemplos e conceitos teóricos que exibem uma constante ignorância dessa regra; podemos dizer que é uma síndrome de super-homem. O sujeito tem a fórmula para consertar o mundo mas não consegue ajeitar os próprios problemas de personalidade. Antes de enfrentar esse nosso mundo problemático e decadente, é bom estar sustentado por bases sólidas; e isso só acontece quando temos a casa em perfeita ordem.

A rega de número sete, busque o que é significativo, não o que é conveniente, é basicamente um tiro no peito de todas as ideologias que estão em moda hoje em dia. Peterson traz uma série de exemplos onde nossa sociedade, que se rendeu aos mais diversos tipos de perspectivas e cosmovisões do mundo, não consegue se safar da doença porque só busca placebos. Como o próprio autor diz, a diferença entre o bem-sucedido e o malsucedido é que o bem-sucedido sacrifica; ele sacrifica o presente em busca de um futuro melhor. Não imanentize o eschaton, diria Eric Voegelin.

A oitava regra, diga a verdade, ou, pelo menos, não minta, é uma regra moral importantíssima. O autor mostra como esse negócio de uma mentirinha aqui e outra ali gerou Hitler, Stálin e outros personagens sanguinários de nossa história. Basicamente é isso: não minta.

A regra nove, presuma que a pessoa com quem está conversando possa saber algo que você não saiba, é outra crítica latente ao mundo atual. Em inúmeras discussões, vemos pessoas pomposas tendo o veredicto do mundo e outros problemas filosóficos importantes baseando-se apenas em suas meras opiniões. Ignorando a sabedoria da tradição, a educação que era passada de geração em geração, toda a estrutura moral que é eterna (mas atualmente é praticamente ignorada), uma sociedade tende a ficar doente. Bem, já estamos vendo os sintomas.

A décima regra, seja preciso no que diz, é mais uma crítica filosófica. O autor traz um conjunto de exemplos onde, quando não se diz o que se quer dizer de uma forma precisa, ocorre um degringolamento de sequência de mal-entendidos que podem causar graves problemas pessoais e sociais. Assim, ser preciso no que diz é uma maneira inteligente de evitar conflitos.

A regra de número onze, não incomode as crianças quando estão andando de skate, é uma crítica que resume bem o livro Dez maneiras de destruir a imaginação de seu filho. Pais super protetores (uma sociedade super protetora no geral) produzem indivíduos que não atingem plenamente suas potencialidades, na melhor das hipóteses.

A última regra, acaricie um gato na rua, é basicamente um conselho em forma de regra, nos dizendo para fazer o bem sempre que for possível. Esse possível, no entanto, é uma restrição. O autor traz exemplos pessoais, até mesmo dolorosos de serem lidos, sobre quando fazer o bem pode não resultar em um bem alheio e, pior, geral um mal para ambos. Assim, faça o bem sempre que possível, mas só quando possível.

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