Na adaptação mais sombria feita para as telas até hoje, The Batman, de Matt Reeves, traz a estreia do astro Robert Pattinson no papel principal de uma trama que mistura terror com suspense noir. O filme também aborda um tema bastante atual: a diferença entre justiça e vingança
Matt Reeves conseguiu superar o colega Christopher Nolan: sua visão de Batman é ainda mais sombria que a do diretor de Cavaleiro das Trevas, de 2008.
Estrelado por Robert Pattinson – é a estreia do astro de Crepúsculo no papel do homem-morcego –, The Batman é muito mais que um filme de super-herói – trata-se de uma produção de terror filmada em estilo noir. Ao longo de três horas, a caçada ao serial killer Charada tem como cenário uma Gotham City onde é sempre noite e a chuva não dá trégua. Ali não há espaço para sorrisos ou diversão – apenas criminalidade e decadência.
É nesse ambiente deplorável que o comissário Gordon (Jeffrey Wright) se vê obrigado constantemente a projetar o símbolo do morcego no céu: é o sinal para Batman deixar as trevas e auxiliá-lo no combate à marginalidade. Como tem acontecido cada vez mais nos filmes de heróis, a história é focada no público adulto e a temática é menos maniqueísta.
Há uma discussão subliminar interessante sobre a diferença entre justiça e vingança, argumento que pode ser facilmente transposto para o mundo real. Bastante original, o roteiro de Reeves coloca dúvidas até sobre a honestidade de Thomas Wayne, pai de Bruce Wayne, identidade secreta de Batman.
Esse mundo de segredos e decepções é ideal para as crises de consciência do homem-morcego – ele parece sofrer tanto quanto os bandidos.
Outro componente que complementa o tom opressivo do filme é a trilha sonora de Michael Giacchino. Coincidência ou não, o tema It´s Raining Vengeance (Está Chovendo Vingança) é semelhante à Marcha Imperial de Darth Vader, da saga Guerra nas Estrelas. Com a capa esvoaçante e o uniforme totalmente negro, a comparação de Batman com o vilão de Star Wars é inevitável.
Responsável pelas cenas mais agonizantes do filme, o perturbado Charada não é a única figura que Matt Reeves resgatou do universo da DC Comics, editora que começou a publicar o Batman, criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939.
Há ainda a presença do Pinguim (um irreconhecível Colin Farrell) e da Mulher-Gato (Zöe Kravitz), além do gângster Carmine Falcone (John Torturro).
A verdade é que os fãs já previam que a opção estética de Reeves o levaria a um Batman extremamente sombrio e violento.
Pelo menos duas de suas produções anteriores davam essas pistas: Planeta dos Macacos: O Confronto e Cloverfield são filmes de ação, mas com pitadas de terror.
Além de macacos e monstros, agora Matt Reeves incorporou um morcego a sua galeria de tipos assustadores.