[Resenha] Senhor das Moscas

Goutyne
By Goutyne

Este livro é um daqueles que a gente passa a vida ouvindo falar sobre. Há referências nos filmes, séries e até mesmo em outros livros. Senhor das Moscas, publicado originalmente em 1954, foi uma das minhas últimas leituras de 2019 e me trouxe impressões bem variadas sobre o seu enredo.

Antes de falar propriamente da história, acho que vale a pena discutir a respeito do contexto histórico em que o livro foi escrito. Apesar de não falar muito sobre o assunto, Senhor das Moscas se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e o livro foi escrito logo após o seu término. O próprio autor lutou na guerra ao lado da Inglaterra, e sua vivência com certeza o inspirou a escrever este livro.

Acredito que o principal fator remanescente da guerra que aparece no livro é o pessimismo. Senti isso na pele, pois poucas vezes consegui pensar em soluções ou num desfecho feliz para todos os problemas presentes no enredo.Neste livro de pouco mais de 200 páginas, um avião carregado de meninos em idade escolar cai numa ilha deserta.

O único adulto, que era o piloto, morre no acidente. As crianças então precisam aprender a sobreviver sozinhos, em um lugar onde as possibilidades parecem ser ilimitadas: sem nenhum adulto por perto, eles sentem livres para falar e agir como quiserem. 

Alguns personagens se destacam logo de inicio: Ralph, que podemos chamar de protagonista dessa história, e que é escolhido como líder dos garotos; Jack, que antes da tragédia era o líder do coral da escola, e que passa a ser o chefe dos que se denominam caçadores; e Porquinho, um menino gordo, asmático e de óculos, injustiçado por todos e um dos únicos a pensar com maturidade sobre as decisões que devem tomar.

Considerando os três personagens principais que mencionei, podemos identificar fortes elementos que marcam a trama: Porquinho é um bom amigo para Ralph, apesar de o segundo muitas vezes ser rude com o primeiro, e Jack não aceita a liderança de Ralph, o que vai tornando a relação dos dois cada vez mais conflituosa.

Em meio a tudo isso, outros personagens vão se encaixando nessa trama, ficando por vezes do lado de Ralph, por vezes do de Jack – e ninguém nunca fica ao lado de Porquinho.

Ralph busca o tempo todo alertar sobre a importância de manter uma fogueira sempre acesa, para poderem ser vistos caso algum navio passe pelas proximidades da ilha. Jack, porém, acha mais importante que eles cacem porcos e tenham carne em abundância, pois se alimentando apenas com frutas eles ficariam fracos demais. Aos poucos essas divergências vão se transformando em uma luta por poder, que desencadeia em eventos tensos e fortes reviravoltas.Algo que me chamou a atenção no livro foi a sutil inserção da fantasia dentro da história.

Com o tempo os garotos começam a cogitar sobre a existência de criaturas e monstros na floresta da ilha, o que provoca certa agitação. E por a população da ilha ser de meninos entre 6 e 12 anos, o medo e o choro passam a ser elementos recorrentes, principalmente nas noites mais solitárias. Entretanto, vemos também ceticismo naqueles que tentam ser mais sensatos.

Este livro me fez mudar de opinião várias vezes. De início me empolguei com a premissa, depois senti que a leitura esfriou um pouco, depois me surpreendi com o enredo e terminei o livro sem saber muito bem se gostei ou não gostei da história. Quem nunca passou por isso, né? O fato é que o livro tem muito a dizer, mesmo que deixe subentendido.

Fala sobre a natureza humana, sobre a luta pelo poder, sobre os nossos medos mais primitivos, sobre esperança, sobre instinto. Tudo isso em uma simples história protagonizada por crianças. Porém, como é de costume com clássicos assim, as minhas expectativas estavam lá em cima… E elas não foram alcançadas.

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