[Resenha] Vazíola: A Caçada a Morrigan Crow

Redação

A série Nevermoor conseguiu de novo, e mais uma vez entrou pra lista dos meus queridinhos! Hoje vim contar pra vocês minhas impressões sobre Vazíola: A Caçada a Morrigan Crow, terceiro volume da saga – e meu favorito até agora! Atenção: como essa resenha fala do terceiro livro, existem alguns spoilers dos volumes anteriores.

De uns anos pra cá, confesso pra vocês que tem sido difícil pra mim ler séries de fantasia porque elas trazem conceitos e nomes que eu esqueço entre o lançamento de um livro e outro. Felizmente, Jessica Townsend é maravilhosa e ajuda as Dorys humanas como eu, rememorando tanto os nomes dos personagens como também os locais anteriormente mencionados e os principais fatos ocorridos nos volumes anteriores.

Foi assim que lembrei do que era necessário para ler Vazíola: no segundo volume de Nevermoor, acompanhamos Morrigan tendo suas primeiras lições a respeito do Fabulânio na Sociedade Fabulosa, sendo todas elas carregadas de um julgamento negativo por parte do seu professor, Onstald. Acontece que o final do segundo livro traz uma reviravolta importante quando Onstald se sacrifica para salvar Morrigan e a garota mais uma vez é tentada por Ezra Squall, o maior inimigo de Nevermoor, a se tornar sua aprendiz.

A jovem Mog segue categórica em sua decisão de aprender a controlar o Fabulânio sozinha, e é nessa situação que Vazíola começa. Quando Fabulanimais (seres que parecem animais, mas são tão inteligentes quanto seres humanos) começam a agir de modo estranho, transformando-se em nãonimais (animais comuns), Morrigan percebe que a Vazíola é muito mais do que uma simples doença.

Se eu tiver que escolher uma única palavra pra definir os caminhos tomados por Jessica Townsend em Vazíola, seria fascinante. Eu simplesmente amei a forma como a autora aprofundou assuntos anteriormente abordados na saga que até então não tinham tido tanto espaço. O primeiro deles é o desabrochar de Morrigan como estudante da Soculosa: se antes a garota só era ensinada sobre o lado negativo dos Fabuladores, em Vazíola ela começa a aprender as maravilhas projetadas e realizadas por eles.

O leitor, assim como Mog, fica encantado ao descobrir que existe toda uma escola da Soculosa destinada aos Estudos Fabulosos (a Escola das Artes Fabulosas), e que há um grupo de estudos que se debruça sobre essa habilidade e sua história. Morrigan se aproxima dessas pessoas, em especial da Faburraposa chamada Sophia, que a guia pela Escola e a apresenta ao seu principal material de estudo: o Livro das Horas Fantasmagóricas. Aqui novamente eu faço um paralelo entre Nevermoor e Harry Potter, porque o Livro me remeteu instantaneamente à Penseira: é um objeto fantástico capaz de transportar o usuário até um momento específico do passado (ou trazer essa cena do passado para ser assistida no presente). É desse modo que Mog não apenas aprende mais técnicas sobre o domínio do Fabulânio como também se depara com um jovem – e ainda inocente – Ezra Squall.

Por mergulhar nos seus estudos fabulosos e por nutrir uma profunda curiosidade em saber mais sobre a juventude de Squall, Mog acaba se afastando dos seus amigos da Soculosa, que infelizmente perdem um pouco de espaço nas páginas do livro. A garota divide sua atenção entre os estudos de Fabulânio e a preocupação com a Vazíola pois, conforme ela se espalha pela cidade, a Sociedade Fabulosa e os cidadãos de Nevermoor começam a entrar em pânico, já que os Fabulanimais passam a atacar pessoas e, uma vez que a onda de fúria passa, eles entram em uma espécie de coma seguido pela perda daquilo que fazem deles seres pensantes. É em relação a esse fato que reside uma pequena decepção que tive: a obviedade do segredo por trás do vírus que acredita-se ser a Vazíola; não é nada difícil descobrir o que ele significa, ainda que isso tenha pouca importância ao olharmos o panorama geral da trama.

Um dos pontos mais importantes desse volume é o fato de que a autora traz o debate sobre a tolerância, o medo do desconhecido e o perigo do preconceito. Usando como desculpa o medo da Vazíola, as “pessoas de bem” (aqui citados como Cidadãos Preocupados de Nevermoor, um partido político que se coloca contra todos os Fabulanimais) começam eles mesmos a tomar atitudes violentas, repressoras e hostis contra Fabulanimais – não tendo nem o vírus pra justificar tais ações, diferente daqueles que perdem o controle devido à doença. Fica claro que existem muitas pessoas no reino que não consideram Fabulanimais como seus iguais, e o uso do vírus é o argumento para diminuí-los, isolá-los e ferir sua dignidade. Como se não bastasse, mesmo as instituições nas quais Mog deveria confiar passam a desapontá-la, tendo como exemplo disso as ações de cortina de fumaça utilizadas pela Soculosa (nós, brasileiros, conhecemos bem essa estratégia).

Enquanto Morrigan, seu Patrono Jupiter e outros membros influentes da Sociedade tentam vencer a ameaça da Vazíola, outro personagem bem instigante vai ganhando espaço nas páginas. Para a minha surpresa, me vi muito mais interessada nele do que em qualquer outro nesse momento: estou falando do nosso infame Ezra Squall. Não costumo ser fã de vilões, acho que Ezra tem mais a oferecer do que somente sua vilania. A participação de Squall foi muito mais relevante ao longo da trama, saindo um pouco da fórmula “seja minha aprendiz” usada nos livros um e dois.

Como mencionei, Morrigan viu o passado dele nas Horas Fantasmagóricas e se pegou se perguntando em que momento ele se transformou de um menino aprendiz para um assassino que traiu seus amigos Fabuladores, provocando o massacre de Nevermoor. Nas interações entre os dois personagens, senti que existem aspectos não contados da história do antagonista que podem render reviravoltas na forma como o leitor o encara. Uma história de redenção, talvez? Ainda não sei. Mas no momento em que fica claro que a Soculosa é capaz de manipular os fatos a seu favor, sacrificando pessoas se necessário, e também com a presença de uma ameaça tão grande quanto a de Squall surgindo, essa teoria ganha força na minha cabeça.

Vazíola: A Caçada a Morrigan Crow é um livro que não para. Ele é cheio de novas informações, tem muitas reviravoltas e o final é incrível, fazendo com que o leitor mal possa esperar pelo próximo volume. Mas o que mais gostei na obra é ver que Morrigan está crescendo – assim como a série. É muito prazeroso ver que a trama evolui e amadurece junto da sua protagonista; Mog ainda é jovem e tem muito pela frente, mas Vazíola já fez com que a garota assumisse desafios e responsabilidades bastante pesados para seus pequenos ombros. Já estou ansiosa pra acompanhar seus próximos passos. E se você gosta de séries de fantasia com um universo criativo e bons personagens, se joga em Nevermoor. É fabulosa!

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