[Resenha] Uma Casa no Fundo de um Lago

Redação

Um mergulho no desconhecido. Uma descoberta fascinante. Algo único. Aqui, não cabe perguntas de “como” nem “por quê”. Viva a experiência! Aprecie. Aproveite. Desfrute do segredo que nos une. Imagine, abra a mente e navegue em uma leitura que vai aguçar a sua curiosidade. Uma Casa no Fundo de um Lago, novo livro do Josh Malerman – autor do best-seller Caixa de Pássaros -, vai trazer uma história apaixonante sobre o novo, na perspectiva daqueles que estão começando a tomar as rédeas da própria vida e interpretar os próprios sentimentos.

James e Amélia têm dezessete anos. Um tem interesse pelo outro.  Após driblar o nervosismo, James chama Amélia para sair. Um convite para passear de canoa pelos lagos. Romântico, não? Porém, o que era para ser um encontro tranquilo, se transforma numa descoberta incrível, quando, navegando por um lago escondido, encontram uma casa submersa com tudo o que tem direito (móveis, jardim, piscina) e a porta aberta. Curioso, o jovem casal decide explorar aquele lugar misterioso. Mas que tipo de perigos estão por vir? Uma coisa é certa: depois do primeiro mergulho, a vida deles nunca mais será a mesma.

Uma Casa no Fundo de um Lago é uma história sobre relacionamento com uma pegada fantástica. É importante o leitor ter isto em mente antes de embarcar na trama. Caso contrário, vai se decepcionar. Confesso que esperava algo aterrorizante quando iniciei a leitura, mas não me frustrei por completo porque me encantei pelo jovem casal.

James e Amélia não são os típicos adolescentes que saltam aos olhos dos leitores. Não são repletos de virtudes nem possuem algo para se invejar (uma grande história de vida, por exemplo). Eles são comuns! Tomados por inseguranças, mas, ao mesmo tempo, ávidos por desvendar o novo. E toda a simplicidade, ao meu ver, tem um charme que os torna ainda mais especiais. É muito fácil se identificar com o casal.

O cenário do romance de Uma Casa no Fundo de um Lago é cercado de muito mistério, proporcionando um tom sombrio à obra. Chega até a ser belo, mesmo que a princípio seja estranho utilizar esse adjetivo.

Josh Malerman traz uma pitada poética à escrita objetiva, ágil e instigante apresentada nos livros anteriores, deixando o leitor imerso em suas páginas até o fim. É bem envolvente! Depois do tropeço de Piano Vermelho, o autor acerta numa trama mais enxuta, focando nas descobertas e no relacionamento dos protagonistas aliados ao suspense, mas persiste em conclusões e caminhos não tão bem acabados, o que pode ser decepcionante.

Quem conhece o trabalho de Josh já sabe que o autor gosta de deixar algumas coisas em aberto. Mesmo assim, é preciso amarrar certos pontos. O leitor não poder vagar sem rumo na obra. Em Caixa de Pássaros, por exemplo, não tenho do que reclamar nesse quesito. Acredito que foi aonde ele mais acertou, não deixando os itens em aberto afetarem a estrutura principal da narrativa.

Em Uma Casa no Fundo de um Lago, uma regra criada pelo casal de protagonistas é utilizada como justificativa para que o leitor não questione os “vazios” da obra (tem quem aceite; eu considero uma saída fácil para tapar buracos). Afinal, qual jovem não é questionador? Ainda mais em relação ao desconhecido. Até nos próprios sentimentos. Ele pode se frustar, se rebelar, pode não chegar a uma resposta (que poderia, sem problemas, ser a lacuna aberta na trama), porém, vai ao menos buscar uma verdade. Insistir. A utilização desta “regra”, assim que citada no livro, acaba comprometendo o andamento da leitura, pois já sinaliza que a obra está à deriva e a sensação é de que não vai chegar a nenhum lugar.

Pelo menos, fica só na sensação. Uma Casa no Fundo de um Lago, no fim, consegue atracar num paralelo bem interessante do jovem casal com a casa submersa. A história de James e Amélia acaba superando esse tropeço e consegue, ao mesmo tempo, ser tocante, envolvente e sombria. Uma trama que nos faz mergulhar e refletir sobre os sentimentos.

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