[Resenha] Um beijo de inverno na livraria dos corações solitários (Vol. 4)

Redação

Quando comecei a série A Livraria dos Corações Solitários, não tinha grandes expectativas. Porém, me surpreendi ao encontrar em A Pequena Livraria dos Corações Solitários exatamente a leitura que estava precisando no momento: leve, divertida, aconchegante. E, a cada livro da série, essa sensação de conforto tem se reforçado.

Então, chegamos ao último livro. Aquele momento em que dá uma ansiedade para acompanhar a história de mais um casal, mas também um aperto no coração por ter que me despedir dos personagens. Além da preocupação se o desfecho será o suficiente para encerrar toda a trajetória até ali. Ou seja, todas aquelas sensações que a gente sente quando está prestes a ler o último livro de uma série.

Por esse motivo, acho que não preciso nem dizer que eu estava ansiosa e com altas expectativas para Um beijo de inverno na Livraria dos Corações Solitários. Mas também tinha uma pontinha de receio, ainda mais que não gostei tanto do livro anterior. E agora eu finalmente vou poder contar para vocês o meu veredito e se fiquei feliz com o desfecho dessa série.

Após assumir o salão de chá ao lado da livraria Felizes para sempre, Mattie está muito feliz com a sua vida. Ela ama seu trabalho, o salão de chá tem feito sucesso e a convivência com o pessoal da livraria é ótima. Com uma exceção: Tom. Os dois nunca se deram bem, e não ajuda muito o fato de que Tom nunca comprou nada em seu salão de chá. Ele sempre busca seu almoço na concorrência, e a única coisa que ele consome do estabelecimento dela é o café que pega de graça todas as manhãs.

Porém, se tem uma coisa que Mattie detesta mais do que o Tom é o Natal. Surpreendentemente, esse é o único ponto que ele concorda com ela. Quando os dois se vêem tendo que tiver o apartamento, parecia o caminho mais direto para o caos e a convivência com eles se torna pior à medida que um começa a esbarrar nos segredos do outro. Porém, quando descobrem a aversão mútua ao Natal, um estranho vínculo se forma entre eles.

Assim, enquanto lutam para resistir ao espírito natalino dos seus colegas e assumem o controle da livraria no momento mais caótico do ano, Tom e Mattie começam a perceber que outros sentimentos além do ódio ao Natal podem os unir.

É engraçado falar sobre esses livros, porque ele me surpreendeu de formas que eu não esperava. No início, apesar de estar gostando da leitura, eu tinha quase certeza de que este caminharia para ser o livro mais fraco da série. Demorei um pouco para me conectar com a Mattie e o Tom e, apesar de adorar as trocas de farpas entre eles, não me apeguei a nenhum dos dois. Porém, no momento em que surge um personagem que despertou todo o meu ódio, foi que os protagonistas finalmente se destacaram e eu pude enxergá-los com outros olhos.

Mattie é a personagem central do livro e foi interessante ir descobrindo quem ela é aos poucos. Nos livros anteriores, seu papel foi totalmente secundário e, por isso, eu ainda não tinha uma opinião formada sobre ele. Mas quando seus traumas começaram a ser revelados aqui e eu pude compreender suas escolhas, e até mesmo sua aversão ao Natal, eu só queria poder entrar no livro e dar um abraço nela.

Acho que através da Mattie, Annie Darling conseguiu abordar temáticas muito importantes e de uma forma mais completa do que havia sido feito nos livros anteriores. Muitas mulheres vão se ver nessa personagem e nas situações que ela viveu, mas também poderão se inspirar nela. Amei ver quão forte a Mattie foi e o quanto ela se superou, e esse foi um dos motivos que fez com que a leitura tornasse tão especial.

Já o Tom despertava minha curiosidade desde o primeiro livro. De todos os personagens da livraria, ele é o que guardava mais segredos sobre sua vida particular e o tema da sua tese de pós-doutorado pode ser considerado como o grande mistério da série. E foi muito divertido poder conhecer esse personagem de verdade. Com relação à tese, eu achei simplesmente brilhante e fiquei até com vontade de ler rsrs.

Mas existe muito mais por trás da fachada de intelectual ranzinza e foi maravilhoso ir descobrindo suas outras camadas. Tom tem um jeito mal humorado, mas sabe ser gentil, atencioso e carinhoso. Assim como Mattie, ele também tem seus traumas e confesso que fiquei muito surpresa com algumas revelações sobre o seu passado.

E tendo me surpreendido tanto com esses protagonistas e gostado tanto deles, não preciso nem dizer o quanto torci pelo casal. O romance foi desenvolvido aos poucos, como aconteceu com os demais da série. Porém, ele foi mais lento que seus antecessores porque o casal tinha mais barreiras individuais a superar. Tanto Tom quanto Mattie tinha muitas questões pessoais para trabalhar antes que pudessem começar a se abrir e se apaixonar.

Mas quando o romance começa a despontar, é muito fofo. Adorei ver os dois passando das trocas de farpas e brigas infantis, para uma relação de confiança, depois cumplicidade e só então começarem a se apaixonar. Para mim, foi de longe a relação mais bem desenvolvida da série e a mais saudável também.

Outro aspecto que eu amei e não posso deixar de mencioar é que a autora não deixou de lado os outros personagens marcantes da trama. Ela reservou espaço na trama para mostrar como os casais dos livros anteriores estavam se saindo, assim como outros personagens secundários que estiveram presentes ao longo dos quatro livros. Ninguém foi esquecido ou deixado de lado, e todos tiveram um desfecho coerente e satisfatório.

O que me leva à ressaltar como esse livro encerra maravilhosamente a série. Annie Darling soube manter a leveza e o humor característicos dos seus livros, mas sem deixar de trazer importantes para os seus personagens e dar uma carga dramática para eles. Além disso, ela amarra todas as pontas e permite que a gente veja o ciclo iniciado lá no primeiro livro se encerrando de uma forma coerente e que deixa o coração do leitor mais leve.

Minha única ressalva é que senti falta do ponto de vista do Tom. Apesar de ser narrado em terceira pessoa, o livro é todo pela perspectiva da Mattie e, em muitos momentos, eu me via querendo saber o que o Tom estava fazendo, sentindo ou pensando. No entanto, isso não tirou o brilho da leitura para mim. O carisma dos personagens e forma doce como o romance se desenvolveu, além do clima contagiante de Natal, contribuíram para que essa questão ficasse em segundo plano.

Assim, só posso dizer que se quando li A Pequena Livraria dos Corações Solitários eu me surpreendi por ter gostado tanto de um livro que eu não esperava nada, Um beijo de inverno na Livraria dos Corações Solitários me surpreendeu por ser exatamente o que eu esperava e mais. É um livro leve, doce e divertido, que, com a combinação perfeita de amor pelos livros e a magia do Natal, trouxe uma deliciosa sensação de aconchego. Ao final da leitura, senti como se um pouco do clima de amizade e amor tão presentes na livraria da história tivessem ficado comigo para deixar meu coração quentinho.

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