[Resenha] Tudo o que a Gente Sempre Quis, de Emily Giffin

Redação

Emily Giffin é uma escritora bem famosa. Consagrada entre os romances contemporâneos e amada por muitos fãs. Eu só a conhecia de nome. Comecei a minha jornada de apresentação à autora com Tudo o que a Gente Sempre Quis, publicado pela editora Arqueiro.

Nele, acompanhamos duas famílias bem distintas. Nina, Kirk e seu filho, Finch, eram uma família de classe média alta que alcançou a riqueza após o software que Kirk desenvolveu ter sido vendido por uma quantia considerável. Tom e Lyla são respectivamente um pai solteiro marceneiro e uma filha de origem brasileira. A vida une essas duas famílias porque, quando seus filhos que estudam na mesma escola particular vão a uma festa, uma foto bastante explícita e sem o consenso de Lyla viraliza na internet com uma legenda bem racista. E quem enviou a foto foi justamente Finch.

Tudo o que a Gente Sempre Quis foi uma alta dose de realismo e crítica social

Tudo o que a gente sempre quis trabalha fundamentalmente a questão das diferenças de classe. Quando a situação de Lyla e Finch chega aos ouvidos do diretor da prestigiada escola, qual será o tratamento que a estrela Finch e seus pais doadores de fundos receberão? E a bolsista Lyla?

Com esse pano de fundo, outras questões importantes também são desenvolvidas, como o abuso sexual. Pouco a pouco acompanhamos as diferentes reações as quais as meninas e mulheres têm quando sofrem qualquer tipo de abuso e, por outro lado, o comportamento inaceitável dos seus abusadores, seja minimizando a história seja negando-a por completo. Esses são os temas centrais, mas o livro conversa também sobre racismo, alcoolismo e criação de filhos, em mais ou menos trezentas páginas. Pode parecer muito, mas Giffin organiza isso muito bem.

Olá, partes técnicas

A escrita de Giffin é muito fluída e fica fácil de entender porque tantos leitores gostam de seus livros. Em um piscar de olhos, acabei o livro. Esse traço de Giffin ajuda a gente a engolir melhor esse tópico tão difícil e tão real na vida das mulheres, assim como no choque cultural entre as classes. Acredito que, se fosse um livro com linguagem mais rebuscada, não teria conseguido seguir pelas páginas com tanta facilidade.

Outro ponto que ajudou a intensificar as diferenças e conflitos nessa narrativa foi a divisão de capítulos em diferentes pontos de vista. Nós acompanhamos o desenrolar da história sobre os olhos de Nina, Tom e Lyla. Eu imagino que escrever por meio de vozes diferentes possa ser algo muito complicado e com um enorme potencial de dar errado. Tudo o que a Gente Sempre Quis, porém, não se deixa vencer e entrega uma história com personagens diversos e bem construídos.

Descobrindo uma nova autora

Uma das melhores coisas dessa leitura para mim foi descobrir uma nova autora, que me despertou interesse em ler mais livros publicados por ela. Em especial os mais recentes. Fazia tempo que eu não encontrava essa sensação de “putz, preciso ler tudo o que essa pessoa já publicou” e foi muito gostoso. Agora, é caçar os outros livros de Giffin e devorá-los.

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