[Resenha] Tipo uma história de amor

Redação

Hoje trago a resenha de mais um livro que li que me surpreendeu bastante! Tivemos dois encontros do grupo para discutirmos a leitura e vou aproveitar tudo o que conversamos para apresentar este livro para vocês. Vamos lá?

Tipo Uma História de Amor vai nos contar um tipo de história de amor a história de três adolescentes que fogem do padrão da sociedade dos anos 80. O primeiro deles é Reza, um menino iraniano que passou uma infância conturbada em seu pais devido ao seu pai que vivia envolvido em conflitos políticos da época. Exausta dessa vida, a mãe de Reza decidi se divorciar e emigrar para o Canadá com os filhos. Um tempo depois ela se casa com um rico empresário de Nova York e se muda para lá para formar essa nova família. Reza, além de se sentir culturalmente deslocado, ainda sofre um grande conflito interno por ter consciência de que é gay.

Os outros protagonistas dessa história são dois amigos que vivem em Nova York. Art é um garoto da idade de Reza, mas que já é assumidamente gay e muito ousado para a época. O que causa bastante transtornos com sua família extremamente rica e conceituada. E, por fim, temos Judy, melhor amiga de Art, uma menina hétero, mas que foge dos padrões por ser gorda.

Os trio estuda na mesma escola e acabam se tornando amigos. Reza se sente imediatamente atraído por Art (e vice versa), mas para negar e conter a própria sexualidade acaba iniciando um relacionamento com Judy. A menina se apaixona pelo amigo que se mostra um garoto totalmente diferente dos outros, sendo mais gentil e doce. Isso, somado a carência de pela primeira vez estar sendo amada, a torna cega a qualquer sinal de que o que Reza sente por ela não é o que parece.

Com isso temos o contexto perfeito de um triângulo amoroso que com certeza vai dar muita treta. Para muitas pessoas isso já é motivo o suficiente para querer ler essa história, mas sei que para muitas outras não. Então o que mais esse livro nos trás de diferente para valer a pena?

Uma das maiores características do livro são suas diversas referências a cultura pop dos anos 80. Diferente de Jogador Nº1 em que, na minha opinião, o autor erra muito a mão ao citar referências exageradamente e das piores maneiras possíveis, Abdi Nazemian consegue aqui ser suave, trazendo referências em momentos oportunos da narrativa, sem interromper a leitura. Uma estratégia interessante que o autor usou para trazer ainda mais as referências que ele queria, mas sem enfiar tudo no meio da história, foi colocar cartões de interlúdio entre um capítulo e outro. Assim, se você tem curiosidade pode parar e ler, senão só seguir em frente.

Outro diferencial desse livro é o contexto político e social LGBT da época. Eles passavam pelo ponto alto do HIV naquele período. O autor retrata não somente personagens sofrendo com a doença, mas o que o medo e a ignorância causava na mente dos jovens como Reza, por exemplo, que criou certo pânico sobre o assunto. De bônus, o autor inclui alguma militância que acontecia naquela época, principalmente contra os abusos da indústria farmacêutica. Acho que de todos os motivos, esse parágrafo é, sem dúvida, o principal para você ir atrás de ler esse livro!

Um coisa que me surpreendeu nas discussões desse livro no clube de leitura foi como cada personagem secundário teve relevância o suficiente para ser comentado. É realmente impressionante como o autor conseguiu inserir eles de forma a acrescentar na história e não apenas para dar volume. O destaque, sem dúvidas, vai para Stephen, tio de Judy que é soropositivo e perdeu o marido para a aids. O homem é um grande ativista e um ídolo para nossos jovens protagonistas.

Enfim, se você está atrás de um livro com temática LGBT que vá um pouco além da descoberta da sexualidade e suas implicações, esta é uma ótima opção!

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