[Resenha] Ratos e homens

Goutyne
By Goutyne

Neste final de semana li mais um clássico da literatura mundial: Ratos e Homens. A primeira vez que tive contato com este livro foi através da série Lost, que eu sou muito apaixonada, e desde então tenho esperado o momento certo e ele finalmente chegou. Fico muito feliz por ter esperado tanto tempo para ler, já que mesmo sendo um livro curto e fácil de ler ele tem suas complexidades e nem sempre isso agrada. Acho que pensando em mim como leitora há uns 5 anos atrás é provavelmente que eu não iria gostar tanto.

Ratos e Homens nos apresenta dois amigos, aparentemente amigos de infância, que trabalham em fazendas. No inicio do livro eles estão indo para esse novo emprego depois de uma confusão no serviço anterior e ao que parece eles são assim, vão pra lá e pra cá. Onde tem trabalho, final na época da Grande Depressão onde aparece oportunidade os homens iam.

George é um homem comum que nasceu e cresceu na roça. Da conta do trabalho sem reclamar, mas está sempre sem dinheiro. Seu companheiro de viagem é Lennie Small, que de “small” (pequeno) não tem nada. Um homem grande, até forte, mas que possui a alma e inocência de uma criança. Lennie possui alguma deficiência não citada na história, até porque naquela época, com pessoas são simples, dificilmente algo seria diagnosticado e ainda que fosse ele seria amarrado como um cachorro (como seu próprio amigo George diz em certa passagem).

“Todo mundo qué um pedacinho de terra. Já li muito livro por aí. Ninguém nunca compra terra nenhuma. Isso só existe na cabeça dessa gente. Ficam falando dessas coisas o tempo todo, mas elas só existe na cabeça deles.”

Como eu disse o livro é fácil, seu enredo é incrível. O autor conseguiu abordar tantos assuntos em poucas páginas e de um jeito que se encaixa tão bem. O primeiro, claro, a deficiência de Lennie, que mesmo não sendo especificada mostra o preconceito que um homem como ele sofria, todo o sofrimento por sempre acabar fazendo algo além de seu controle quando tudo o que ele queria era apenas alguns bichinhos para cuidar. Ratinhos, coelhos, cachorros. Nada demais, mas que acabou lhe custando tanto.

O livro foi lançado em 1937 e em uma época que a economia estadunidense estava tão abalada a obra mostra como era a vida dos homens que precisava sobreviver no “sonho americano”. Trabalhar por pouco dinheiro mais de 10 horas por dia e sonhar diariamente em comprar um pedaço de terra para ser dono de si. O sonho dos amigos acabou se tornando o de outras duas pessoas na fazenda em que eles foram trabalhar e nesses diálogos é possível ver o quanto esses homens são solitários. Não possuem família e muito menos pessoas para chamar de amigo, por isso a amizade de George e Lennie deixa todos surpresos. Afinal, o comum ali é cada um querer comer o outro vivo. É cada um por si.

A obra tem uma característica maravilhosa de colocar os diálogos de forma coloquial. Não li em inglês, então não sei como é na língua original, mas em português temos o chamado “dialeto caipira” e isso só trás uma riqueza maior na construção desses personagens. Mais do que isso me fez pensar que facilmente essa história poderia se passar aqui no Brasil em um interior longínquo (e infelizmente em 2022, já que a situação tá tão difícil).

Me surpreendi muito com essa história e já sei que é um dos meus livros queridos deste ano. Fiquei muito interessada em conhecer outras obras do autor, já que essa nem de perto é considerada uma das melhores.

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