[Resenha] Profissões para mulheres e outros artigos feministas

Goutyne
By Goutyne

Estamos em 2020 e ainda existem debates sobre profissões para mulheres, mercado de trabalho em geral e, claro, igualdade de salário entre os gêneros. Imagina esses debates no inicio do século XX? Pois bem, é isso mesmo que temos nesses artigos de Virginia Woolf. Esta foi a minha primeira experiencia com a autora e já amei muito a forma como ela se expressa: tão sutil, tão honesta e ainda assim com uma certa raiva dentro de si por viver em um mundo injusto para as mulheres.

De cara levamos a uma reflexão sobre o que é uma profissão para mulher. Eu digo isso pois pensando na sociedade da época em que os artigos foram escritos, de fato, quais eram as profissões femininas? Mal existia a profissão “secretária” ou “professora” que foi muito popular após os anos 50.

Então a autora explica algo óbvio: o porque de as mulheres terem tido um certo sucesso como autoras ao invés de outras profissões. E sendo bem feminista falando isso a culpa é do patriarcado. Virginia explica que a única coisa que as mulheres tinham em mãos, pelo menos as que eram alfabetizadas, era papel e caneta. Um material barato que os homens não se importariam de gastar com mulheres.

O livro em si são resenhas literárias de livros escritos por homens que, de algum jeito ou de outro, falam mal sobre as mulheres e suas rotinas. Há um artigo sobre um autor/livro que acha que pode escrever melhor sobre a rotina de uma mulher do que a própria mulher e Virginia logo critica dizendo que não há maneira de isso ser possível, até porque as autoras mais famosas de épocas anteriores a ela fizeram sucesso escrevendo sobre a rotina feminina em suas obras pois era aquilo que elas viviam em sociedade.

Isso me fez pensar sobre como em muitos romances de época (os de verdade) e até filmes que podem ou não ter sido adaptados mostram mulheres em rotinas tediosas em uma salinha de costura, sabe? Como poderia uma mulher escrever sobre o mundo sendo que ela mal poderia sair de sua própria casa?

Em outro texto há passagens incríveis sobre a impossibilidade da mulher ser algo mais quando não é lhes dada a oportunidade. Nem tudo nesse mundo é meritocracia e como uma mulher poderia colocar em pratica sua inteligencia se não tinha o direito de estudar da mesma forma que seus irmãos? O mais incrível para mim nesses momentos é ela refutando a ideia de que não existiam mulheres brilhantes na época e/ou mulheres que não fez nada notável/digno de atenção falando exatamente que não há como saber se não existiam simplesmente porque essas mulheres podem ter perdido a oportunidade de ser notável por causa de um casamento, pela impossibilidade de estudar.

Me pergunto muito como Virginia Woolf se sentiria vivendo em 2020. Sobre o que ela falaria a respeito desse assunto nos dias atuais? Eu tenho certeza que ela me obrigaria a refletir sobre algo que eu não pensei ainda, mas será que ela teria um pouco de orgulho do que conquistamos? Gosto de acreditar que sim, já que agora tem muitas mulheres notáveis em basicamente todos os ramos profissionais conhecidos e essa realidade está mudando mais e mais.

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