Não sei vocês, mas quando fico muito tempo sem ler um gênero que costumava devorar, sinto como se estivesse lendo algo totalmente novo e até revolucionário. Então sim, fazia um tempo que não lia clichês YA/NA, e quando terminei a leitura de “Os 12 Signos de Valentina”, senti meu coração aquecido (adoro esse termo que as blogueiras usam) com o quão fofo e importante esse livro é para toda uma nova geração de leitoras de romances nacionais.
“Os 12 Signos de Valentina” conta a história de Isa, uma jovem estudante de jornalismo que descobre no dia de seu aniversário a traição de seu namorado (seis anos de namoro jogados no lixo). Após passar quase um ano de luto pelo relacionamento e receber muita luta de seus amigos e familiares próximos para que ela siga em frente, Isa vê uma oportunidade de sair da tristeza ao realizar um experimento “científico” (um trabalho para uma aula da faculdade): ela testará todos os signos do zodíaco, ou seja, ficará com garotos de todos os signos até encontrar o perfeito. Nisso, já achei o livro incrível, mas ao mesmo tempo tive receio porque os livros que li no passado mostravam que personagens com esse perfil não eram bem vistos em suas histórias. No entanto, o que dizer de Ray Tavares, que acabei de conhecer e já considero incrível demais?
Isa conhece todos os signos de uma forma divertida, e um pouco estereotipada, e sim, ela beija todos eles. Não está errada, eu mesma acho que faria o mesmo e até pior se tivesse tido essa ideia antes de conhecer meu leonino perfeito. Isa é uma personagem divertida e pé no chão, mas acima de tudo, ela é uma personagem que mostrará aos leitores algo que não vemos muito nos livros desse gênero no Brasil: privilégios; a famigerada consciência de classe.
Li este livro em uma leitura coletiva, e algumas participantes falaram que se irritaram com o quanto a personagem tenta militar nesse livro, sendo até forçada às vezes. E sim, não vou discordar das meninas, pois teve momentos em que eu pensava: “Isa, calma amigah”, mas entendo por outro lado a necessidade da personagem ser assim, principalmente por perceber, através das redes sociais, que muitas leitoras desses gêneros não sabem e nunca leram nada sobre privilégios, principalmente na ficção.
E é claro, o romance. Gente, Ray foi tão incrível na construção desse livro que criou um romance perfeito, que combinou com tudo o que Isa passou e passará ao longo da trama. Não vou citar o nome do personagem que será o par romântico de Isa, mas já adianto que ele está longe de ser um macho tóxico. Ele a respeita acima de tudo e nunca a julgou por nada do que ela está fazendo.
Em um dos debates, questionei uma decisão de Isa em relação ao experimento, e uma das meninas disse que se ela fizesse o que eu queria que ela fizesse, o rapaz não iria mais querer ficar com ela, e fiquei tipo: “Beloved???????” Justamente, se ele deixasse de gostar dela, ela deveria ficar longe dele, certo? Mas é claro que ele não fez isso, e nem faria, mesmo que Isa tivesse feito o que eu queria que ela fizesse.
Um livro fácil e gostoso de ler, além de nos envolver em uma ambientação muito boa de São Paulo (e nostálgica para mim). Com certeza, é um romance que encantará as leitoras de romances nacionais, assim como me encantou bastante.