[Resenha] O Navio Dos Mortos: (Série Magnus Chase e os deuses de Asgard): 3

Redação
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Acompanhar a jornada de um heroi é um grande desafio e, ao mesmo tempo, algo muito inspirador. Principalmente quando, nesse meio tempo, você também acompanha o amadurecimento e desenvolvimento do personagem e da trama em si. E percebe o cuidado que o autor teve com a história e seus desdobramentos e, mais ainda, com a mensagem que seria transmitida. Em Magnus Chase – O Navio dos Mortos, terceiro e último volume de sua série nórdica, publicado pela editora Intrínseca, Rick Riordan, mais uma vez, nos presenteia com a sua criatividade e com o seu talento para misturar mitologia e narrativa, quase numa aula divertida de história (guardada a liberdade criativa, obviamente).

Leia a resenha de ‘Magnus Chase – A Espada do Verão’

Magnus Chase – O Navio dos Mortos traz de volta o protagonista que dá nome à série, que agora tem a missão praticamente suicida de enfrentar Loki – após se soltar da prisão – e atrasar o máximo possível o Ragnarök, que irá destruir os nove mundos e todos os deuses e criaturas. Com a ajuda de Sam, Alex, Blitzen, Hearthstone e dos seus amigos do Hotel Valhala, Magnus terá que correr contra o tempo para alcançar o Naglfar, o navio dos mortos preparado por Loki, antes de ele zarpar no solstício de verão. Para derrotar o deus da trapaça, eles terão que recuperar o  hidromel de Kvásir e vencer Loki em nada mais nada menos do que uma competição de insultos.

Como leitora de Riordan há anos, é impressionante como eu senti um amadurecimento do próprio autor durante toda a série. Já comentei isso nas resenhas anteriores, mas acho muito importante destacar como ele tem essa percepção de acompanhar as mudanças do seu próprio público e de abordar os temas que os jovens estão falando hoje e principalmente que precisam ser debatidos. E Riordan soube fazer isso de maneira muito leve e sutil, contemplando praticamente todos os seus personagens. Achei sensacional! A série Magnus Chase tem representatividade e muitos diálogos que, mesmo carregados com aquele humor característico do escritor, conseguem trazer seriedade e nos fazem pensar. Ainda que inconscientemente.

Adoro, por exemplo, que Riordan tenha tido a atenção não apenas de apresentar e expor para os jovens a cultura muçulmana de Samirah, a valquíria, mas também e, mais importante, de explicar seus costumes e tradições. E também as questões dos gêneros fluidos, com Alex, e do preconceito racial, através de TJ. Fora outros assuntos igualmente importantes e necessários, bem como a noção de grupo, família, amizade, força de vontade e superação, que encontramos frequentemente em seus livros. Acho que Riordan cumpre um papel muito importante para os jovens na literatura. De verdade. Além de apresentar a mitologia de uma forma completamente acessível.

Falando da história no geral, O Navio dos Mortos é uma conclusão bastante satisfatória e ainda deixa a gente com aquele gostinho de “quero mais”. Especialmente com personagens tão cativantes e carismáticos, cada qual com a sua própria personalidade marcante. Todos, sem exceção, desde Magnus até os próprios deuses que encaram um papel de coadjuvantes, são capazes de nos arrancar boas risadas e de nos envolver na trama. Acho ótimo Magnus ser um protagonista mais leve e, apesar de ser filho de um deus, bastante humano. Ele entende que sozinho as coisas sempre são mais difíceis, talvez, impossíveis, e sabe que precisa da força dos amigos. Mais do que isso, Magnus respeita as diferenças do seu grupo, entende os dilemas de cada um e reconhece o valor e a importância deles. Uma das coisas de que mais gostei em toda a série foi essa dinâmica e o fato de todos terem um papel a desempenhar.

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