[Resenha] O medo mais profundo (Myron Bolitar – Livro 7)

Redação

E eu preciso dizer que eu  já fiquei mega chocada apenas com a sinopse. Nesse livro, o mundo do nosso agente esportivo/detetive vai explodir e nós vamos sofrer e nos emocionar muito junto com ele. Mas antes de qualquer coisa, confere a sinopse: 

Quem leu o livro anterior, Detalhe Final, ficou sabendo que, enquanto Myron tirava suas férias no Caribe, seu pai teve um ataque cardíaco e que, por isso, seus pais estão se aposentando e mudando para outra cidade, para terem uma vida mais tranquila. Myron, que odeia mudanças tanto quanto odeia golfe, não está lidando com isso muito bem. 

Além da culpa pela sua ausência no momento em que seu pai mais precisou, ele está passando por momentos muito reflexivos enquanto vê a placa de “vende-se” na casa onde cresceu e que, para ele, sempre fora seu porto seguro. O pior é que seus pais estão velhos. Myron já sabia disso, claro! Mas tudo está se tornando real demais e a percepção da fragilidade dos pais, deixa Myron cada vez mais preocupado com o futuro. 

E é assim que começamos o livro, com Myron levando uma leve bronca da mãe por ele não estar levando tudo aquilo como deveria. Aquele era um momento muito delicado para o pai dele, e Myron precisava desmanchar a cara de enterro e ser o filho que o pai precisava que ele fosse (QUE MULHER BRASEEEEEEL)

Fora essa preocupação com os pais, ainda temos a questão da empresa do Myron que não está muito melhor do que no livro passado. Com a fuga de Myron pro Caribe acrescida da prisão de Esperanza, a MB Representações Esportivas perdeu muitos clientes e, desde que eles conseguiram resolver as coisas, eles vêm lutando para conseguir manter a empresa funcionando, em busca de novos clientes e tentando recuperar os clientes perdidos. 

Mas nada está tão ruim que não possa piorar, né non? E é justamente aí que entra Emily Downing, lembram dela? Ela aparece em Sem Deixar Rastros, como ex-mulher do Greg Downing que estava desaparecido no livro. Pra quem não leu o livro, vou explicar: 

Emily e Myron namoraram na faculdade durante três anos. Foram os primeiros namorados um do outro e, claro, Emily tem aquele lugar especial no coração mole do Myron. Poréééém, Emily quebrou o coração dele quando terminou o namoro pra ficar com Greg, o maior rival do Myron no basquete. Pra ficar ainda melhor, Myron e Emily tiveram uma noite louca de paixão na véspera do casamento de Emliy e Greg e isso sempre pesou na consciência de Myron (até ele descobrir tudo que Greg fez pra ele, em Sem Deixar Rastros). 

Entendido quem é Emily na fila do pão, deixo aqui a bomba da vez: nessa noitada pré-casamento dos dois, que aconteceu 13 anos atrás, Emily ficou grávida e o filho é do Myron. Mas ela só revela isso pro Myron agora porque Jeremy tem uma doença rara chamada Anemia de Fanconi, que é uma anemia causada por uma deficiência na medula óssea e essa doença é mortal. A cura é fazer um transplante de medula e, todo mundo sabe o quão difícil é encontrar um doador compatível, né? Mas eles deram sorte, pois existe um doador perfeito e tudo já estava se encaminhando para fazerem a cirurgia o quanto antes, quando o doador simplesmente desaparece e o desespero retorna. E é apenas por isso que Emily conta para o Myron sobre a sua paternidade, porque ela precisa que ele encontre o doador. 

SIM! As definições de ranço foram atualizadas com sucesso! Emily sabia que o filho era do Myron desde que estava grávida, mas ignorou esse detalhezinho para manter o casamento feliz no qual vivia. Há quatro anos ela está divorciada e mesmo assim, nunca contou pro Myron que ele tinha um filho. E agora, ela chega com essa bomba, joga na cara dele e manda ele resolver porque o filho é dele. E detalhe: quando ele fala que quer ver o filho, ela fala pra ele pensar bem antes de fazer qualquer coisa que indique que ele seja o pai verdadeiro do Jeremy, pois o menino já tem muito com o que lidar por causa da doença. O que eu até entendo, mas consideração com Myron ao contar tudo isso foi zero e a minha vontade de dar na cara dela foi mil.

Enfim, muito abalados (ele e eu), Myron começa uma busca louca e incessante atrás do doador compatível para salvar a vida do filho que ele acabou de saber que tinha, mas que, pode perder se ele falhar.

Se não bastasse essa preocupação com a saúde de Jeremy, Myron ainda recebe a ligação de um serial killer famoso por despertar o medo mais profundo nas suas vítimas. Ele já sequestrou e, possivelmente, matou umas dez pessoas, mas a maior arma dele, é brincar com a mente dos familiares das vítimas, causando um desespero imenso para quem ele liga pedindo resgate. Ao ligar para Myron, ele diz apenas para que ele se despeça do filho. E, conforme Myron se aprofunda na investigação, tudo indica que esse serial killer é o doador que pode salvar a vida de Jeremy. Desesperador? Magina, quase nada rs.

E assim, ele embarca nessa investigação acompanhado de seus melhores amigos, Win e Esperanza, com a adição da minha queria Big Cindy que tem o coração tão grande quanto ela, e a Zorra que, apesar da surra que deu em Myron no livro anterior, se tornou uma parceira aterrorizante e fofa ao mesmo tempo. Ainda teremos os conselhos de Win e Esperanza sobre como Myron deve agir perante sua paternidade. Conselhos totalmente opostos, inclusive. Win e Esperanza fazem, respectivamente, o papel de diabinho e anjinho do Myron e o pior é que ambos fazem muito sentido nas suas colocações.

Nesse livro, o que Harlan mais traz é o relacionamento entre pai e filho. Aqui, veremos que pra salvar um filho, um pai/mãe não vê limites que não possam ser ultrapassados. Qualquer coisa vale. E a expressão “os fins justificam os meios” é  bem usada e colocada em cheque em vários momentos, nos trazendo reflexões e nos mostrando o quanto a hipocrisia é presente em nossas vidas. Afinal, quantas vezes apontamos o dedo para alguém que faz algo errado, mas quando paramos para pensar, se estivéssemos na mesma situação, faríamos o mesmo ou pior? Myron ultrapassa todos os limites da mente e do coração dele para salvar Jeremy e declara sua própria hipocrisia para nós.

Mas também temos o relacionamento do filho para com o pai, naquele momento em que percebemos que os papeis podem acabar se invertendo. Afinal, um dia, o filho pode precisar cuidar daqueles que cuidaram dele a vida toda. Esse momento está chegando para Myron, e eu me emocionei várias vezes durante os diálogos dele com o pai. Al Bolitar, é um homem que está se aposentando, que teve um ataque cardíaco há pouco tempo e que vê sua vida mudando de uma forma que ninguém quer ver, mas que todos nós sabemos que um dia vai acontecer. A perda da profissão que, na cabeça dele está ligado ao seu valor próprio, e a saúde frágil que um coração infartado traz, faz com que ele lute para não se sentir inválido ou inútil para sua família e para a sociedade. Enquanto isso, Myron tenta se manter firme para não pirar com a realidade que a vida tá jogando na cara dele.

A diagramação permanece como nos livros anteriores, simples e adequada. A fonte e os espaçamentos são ótimos para uma leitura longa e a capa é linda, bem envernizada e confortável de manusear durante a leitura. Arqueiro como sempre, está de parabéns nas edições dos seus livros.

Harlan, mais uma vez, arrasou na escrita. Me peguei emocionada em vários momentos com os posicionamentos e sentimentos do Myron, tanto como pai, quanto como filho. O medo dele de perder o pai, me fez lembrar do meu pai, que deixou uma saudade imensa no meu coração. E o medo de perder o filho, me fez imaginar tudo que eu seria capaz de fazer pra proteger e salvar um filho meu. É impossível não se deixar envolver por essa história e se ver emocionada por todos os sentimentos dos personagens. Assim, deixo minhas 5 Angélicas e toda a minha veneração para Harlan Coben, que tem o poder de me arrebatar com sua escrita.

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