[Resenha] O Livro de Líbero, de Alfredo Nugent Setubal

Redação

O que você faria se tivesse o livro da sua vida nas mãos? Líbero teve a oportunidade, mas será que fez a melhor escolha? Venha conhecer O Livro de Líbero!

Escrito pelo brasileiro Alfredo Nugent Setubal, O Livro de Líbero faz parte da caixa 18 (março/2020) do Intrínsecos, clube de leitura da editora Intrínseca. A publicação narra a história de Líbero, um garoto de 11 anos que fica deslumbrado com a chegada do Circo Bosendorf à sua pacata, talvez, menor cidade do mundo, Pausado. Embora tenha crescido imerso em aventuras literárias, naquela noite, será oferecido ao menino um livro diferente de tudo o que ele já viu. Um volume grosso, de capa vermelha e, a cada página virada, a oportunidade de ler eventos do próprio futuro, reescrito em diferentes versões.

Curioso e com uma ânsia em desbravar o mundo, Líbero vive uma série de dilemas sobre o seu futuro: a disputa e influência dos pais – com ideias completamente opostas – sobre qual caminho o garoto deve seguir na vida adulta, a descoberta do amor e as dúvidas inerentes à formação da identidade. E, naquela noite, no circo, com o livro da sua vida, tudo mudará. Ele nunca mais será o mesmo.

Com personagens extremamente cativantes, O Livro de Líbero envolve o leitor logo nas primeiras páginas. Genuínos, cada um à sua maneira, eles aguçam a curiosidade do público em vivenciar as suas jornadas. E o que falar de Pausado? A história não poderia passar em um ambiente mais encantador. Setubal consegue transmitir toda a essência e charme de uma cidadezinha do interior no texto. É tudo muito nítido! Mágico!

Narrado sobre duas perspectivas – a primeira parte, O Dia do Circo, por Baltazar, homem que entrega o livro ao Líbero, e a segunda, intitulada A Debandada, pelo amigo Rubio -, O Livro de Líbero começa na magia do circo, no frescor da juventude, nas descobertas, para, depois, mergulhar num mundo sombrio. O leitor sente a ruptura no tom. Há uma quebra de expectativa e, em um dado momento, parece que estamos lendo dois livros distintos.

O Livro de Líbero fala sobre caminhos. Quem vamos ser no futuro depende das nossas escolhas do passado. É muito reflexivo.  Destaquei vários quotes, inclusive. A primeira parte é impecável. Uma obra-prima! O autor transita muito bem no lúdico para abordar os dilemas do protagonista. Com isso, a leitura se torna uma experiência fantástica.  Daquelas que você fecha o livro e ainda fica em transe por alguns minutos.

A segunda parte, mesmo com um tom mais sombrio, revela muitos mistérios da obra, mantendo o apetite voraz do leitor. Mesmo na tristeza, ainda há muita beleza. É compreensível a mudança no tom da narrativa, a melancolia. Entretanto, é impossível não sentir um certo ar de nostalgia daquele livro que ficou para traz.

O grande problema da segunda parte é que ela antecede a primeira. E o autor não soube trabalhar o texto com a mesma precisão cirúrgica da anterior. O texto é incrível? É. Impecável? Nem tanto. Existe uma linha tênue entre loucura e sanidade e houve um momento específico, porém, crucial, em que faltou um pouco daquele texto redondinho. Extrair a beleza da tristeza é bem mais complicado. Talvez, alguns trechos finais do livro precisassem ser mais lapidados. Só isso.

Escolhas. Líbero fez as dele. O autor também. Esperava um outro ruma para história. Esperava o resgate da leveza. Da magia. Fiquei um pouco frustrado? Sim. Entretanto, o final é coerente com a proposta. O Livro de Líbero traz uma mensagem interessante. No fim, é o que importa. Um belo livro!

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