[Resenha] O Espião que saiu do Frio

Redação

Romances de espionagem nunca estiveram entre os meus preferidos e este best-seller internacional de John Le Carré acabou sendo minha primeira leitura do gênero. Considerado como o maior romance de espionagem já escrito, O Espião que saiu do Frio me surpreendeu de variadas formas, sendo a primeira delas que ele se mostrou um livro completamente diferente do que eu esperava. Minha leitura acabou sendo com altos e baixos, mas no balanço geral o livro me convenceu do porquê de sua gigantesca fama.

ublicado originalmente em 1963, no auge da Guerra Fria, revelando aos seus leitores os segredos dos bastidores da luta pela informação. Uma guerra obscura, travada nas sombras e com riscos quase sempre bem maiores do que os de combates declarados. Numa época em que Berlim ainda convivia com o muro que a dividia em dois, Leamas, um espião britânico, chefiava um grande grupo de agentes ocidentais que agiam no lado soviético da cidade alemã.

Em um momento particularmente difícil, Leamas vê o último agente da rede que chefiava ser morto ao tentar fugir para o lado ocidental da cidade. Derrotado e desiludido, ele volta para sua cinzenta Londres. Mas não consegue se afastar de sua guerra. Acaba voltando ao combate e ao fogo cruzado das mentiras, traições e dissimulações do jogo da espionagem internacional. (Resenha: O Espião que saiu do Frio – John Le Carré)

A trama de Le Carré acompanha o agente Alec Leamas na guerra de espionagem entre os dois lados do Muro de Berlim, sendo que Leamas pertence à parte Ocidental. A obra tem zero componentes de ação, fato este que me surpreendeu já que eu esperava uma história com intensa movimentação. Puro engano. Este é um livro focado no jogo de inteligência, explorando bastidores e estratégias dos grupos de espionagem na Guerra Fria.

Entrar em detalhes do enredo de O Espião que saiu do Frio é perder tempo. É impossível descrever esta história aos leitores sem falar de pontos que esbarram no spoiler. Basta dizer que é um livro inteligente e que exige atenção. As explicações que nos ajudam a elucidar o quem é quem estão presentes desde os primeiros capítulos, mas facilmente passam despercebidas até o momento em que ficamos totalmente confusos sobre em quem realmente acreditar. Embora as sequências inicias não prendam a atenção e soem bem arrastadas, é nelas que se encontram alguns dos diálogos que trazem a chave da missão de Leamas. Ao se aproximar do fim, o livro ganha ritmo e os episódios vão se sucedendo de forma ágil até um desfecho bem soco no estômago.

Sendo Le Carré um conhecedor da área de espionagem, por mais que tenha tratado as situações a seu modo ficcional, ele consegue nos envolver facilmente nos joguetes de poderes na luta pela informação privilegiada que dominou o mundo durante décadas. Isso não faz de O Espião que saiu do Frio uma obra inesquecível, mas sim uma obra sagaz em que os altos comandos jogam xadrez e as peças, os espiões, são manipuladas em um jogo de gato e rato em que o mais importante é manter os segredos bem guardados. Custe o que custar!

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