[Resenha] O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi

Goutyne
By Goutyne

O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi é um livro sobre relações e em como essa rede de pessoas que vivem ao nosso redor nos fazem ser quem somos, nos fazem ser pessoas melhores ou simplesmente não nos mudam. Este é um livro emocionante como nenhum outro que eu tenha lido, pois ele não precisa de uma carga dramática para mexer com o leitor (apesar de ter essa carga dramática, afinal alguém morre), ele simplesmente mexe com o leitor pois podemos perceber ali naquelas histórias um pouco de nós mesmos.

O livro é narrado por Luise, neta de Selma, desde a infância até a vida adulta. Ela é uma pessoa que foi moldada após ter perdido alguém ainda na infância,logo depois da terceira vez que Selma sonha com um ocapi. Então vemos uma moça tímida, travada como ela mesma diz, que sente um certo abandono por parte dos pais, mas muito amada por Selma e o oculista, um senhor que é secretamente apaixonado por Selma e pode-se dizer que ele representa a figura de um avô para Luise.

Quanto mais velho fico, mais acredito que fomos inventado apenas para você.

A cidade ficticia onde Luise vive é no interior da Alemanha, então todos ali se conhecem. Quando Selma sonha com um Ocapi a fofoca corre pela cidade e todos se preparam para o pior. Segredos são revelados, os apaixonados se declaram, e quem tem medo de morrer tenta nem sair do lugar no dia, mas quem quer morrer fica esperando a morte entrar pela porta e deixa uma janelinha aberta para a alma conseguir ir para o céu de forma tranquila.

Quando o pior acontece todos ficam devastados, principalmente Luise, pois era alguém tão próximo a ela que essa morte sempre será carregada em sua vida, essa pessoa sempre será lembrada em seus melhores e piores momentos. É muito triste pensar que tão jovem ela tenha passado por algo tão terrível e por mais que o livro já avise na primeira frase de que alguém irá morrer ainda assim não tem como se preparar para algo tão terrível.

Apesar de Luise ser a narradora da história e a personagem principal o que eu senti que é que toda a cidade é protagonista desse livro, pois eles são muito descritos quando se trata de suas histórias pessoas, sentimentos e até algumas atividades do dia a dia. É como se Luise fosse uma narradora onipresente e onisciente da vida e dos sentimentos das pessoas ali. Pode parecer estranho um pouco, mas gosto da forma como ela nos dava as informações, pois não dava a impressão de que ela só sabia do fato mas sim que quem viveu aquilo contou a ela em algum momento. Então não foi estranho, por assim dizer.

Outra coisa que eu amei muito na história foram os diálogos. Acho lindo diálogos entre jovens e adultos, adultos e idosos, e jovens e idosos. Todos ali conversam de igual para igual e eu sei que isso foge da realidade, mas gosto muito da forma como o oculista fala com Luise sobre coisas da vida como se ele também estivesse aprendendo com ela enquanto ela aprende com ele, sabe? Pois eu acredito que a vida é assim: um constante aprendizado. Sem falar que os diálogos tem um jeito filosófico que eu adoro.

O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi já se tornou um dos meus favoritos do ano e espero que em breve esteja disponível para compra para quem outras pessoas conheçam essa história.

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