[Resenha] No Domínio de Suã

Goutyne
By Goutyne

Este livro me caiu como uma luva, justamente em um momento em que me vi refletindo muito sobre ser leitora, com questões sobre minhas leituras, qualidade de leitura e tudo mais. Ele veio justamente em um momento em que eu estava achando que não sabia uma boa leitora por não entender certos livros, não ter lido tantos outros e por acabar perdendo referencias à alguns clássicos, por exemplo.

Ao ler alguns artigos para a faculdade me deparei com a seguinte frase da Drª. Fujita: “A leitura é um ato social porque existe um processo de comunicação e de interação entre o leitor e o autor do texto, ambos com objetivos estabelecidos anteriormente dentro do contexto de cada um.”, então percebi que em muitos casos os meus objetivos não são exatamente os mesmos que do autor, assim como meu contexto. Então tá tudo bem um livro não funcionar muito bem para mim, tá tudo bem eu não entender a mensagem do autor. Dito isso vamos ao livro O Domínio de Suã escrito pelo autor Milton Coutinho.

O livro é divido em três partes, das quais contam alguns acontecimentos do narrador-personagem Marcel (referencia óbvia a Marcel Proust, já que na própria sinopse o livro cita esse autor que, provavelmente, é uma grande inspiração ao autor). A primeira parte foi a mais interessante, mostrando desde a infância desse personagem com as matriarcas de sua família e uma necessidade de continuar no domínio dessa família (talvez uma forma de mostrar que ele sempre esteve no domínio de algo), entretanto é na vida adulta que as coisas começam a ficar realmente interessantes.

Após se apaixonar por uma mulher, acredito eu que muito mais como forma de protesto contra as mulheres de sua família, eles adotaram um jovem menino chamado Braz. Apesar de a narrativa se tornar interessante aqui eu fiquei muito incomodada com muitas falas desse personagem em relação ao garoto ser negro, provavelmente de periferia.

E não foi só no momento em que ele iria adotar a criança, mas em vários momentos do livro mesmo quando ele já se estabeleceu como pai de Braz. Para mim não faz muito sentido ele ficar frisando isso tantas vezes, principalmente ao querer dizer que a adoção foi a salvação do jovem ou insinuar não entender o motivo de ele ter tanto orgulho da cor de sua pele.

Essa primeira parte é mais interessante pois da ao leitor algo por esperar, há uma história para ser acompanhada mesmo eu não gostando do personagem. A parte dois foi algo que me deixou totalmente desconexa da trama, com uma busca por um autor misterioso e que tantas vezes pareceu levar à um beco sem saída, mas ainda compreensível tendo em vista o colapso mental que o personagem estava vivendo após sua vida virar de cabeça para baixo.

Na terceira parte as coisas voltaram a se tornar interessante, mas eu não entendi muito bem a motivação dele de ir atrás de Marta (ex-namorada de seu filho). Foi para salva-la? Ajuda-la? No final ele acabou sendo só mais um tormento para ela, que já tinha muitos problemas para lidar. Claro, o que mais me incomodou foram as atitudes machistas e os pensamentos odiosos.

Não há de negar que o autor consegue criar uma história que pode prender os leitores em diversos pontos, foi assim comigo. Mas eu não consegui compreender o personagem e se ele foi escrito como uma forma de critica as coisas que ele representa e eu gostaria muito de ter sentido isso dele.

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