[Resenha] Nada (Janne Teller)

Goutyne
By Goutyne

Nada é um nome bem estranho para um livro, né? Apesar do nome e da capa eu estava curiosa para ler este livro há alguns anos. Recentemente descobri que ele está disponível no Kindle Unlimited e achei interessante ler, ainda mais por ele ser um livro bem curtinho e exatamente aquilo que eu estava precisando.

Pierre Anthon está no sétimo ano e um dia, sem mais nem menos, diz que nada faz sentido nessa vida, nesse mundo. Ele expressou isso em alto e bom som na sala de aula e acabou assustando todos os seus colegas que ao longo dos dias passaram a lidar com as frases de impacto de Pierre no caminho da escola enquanto ele ficava sentado em uma ameixeira. Afinal, o que realmente faz sentido nessa vida, né?

— Se valesse a pena ter raiva de algo, existiria algo pelo que valeria a pena se alegrar. Se valesse a pena alegrar-se com algo, existiria algo que importa. Mas isso não existe. (…) Dentro de poucos anos, vocês estarão mortos e esquecidos, então deveria se começar a se acostumar.
E foi então que entendemos que precisávamos tirar Pierre Anthon daquela ameixeira.

Seus colegas se juntam para elaborar um plano que convença Pierre de algo vale a pena na vida, que as coisas importam e assim tê-lo de volta na escola e de boca calada para as coisas que ele fala. Eles decidem que cada um dará algo de sua vida que importa, que tem um significado. Uma bicicleta, um sapato novo, uma vara de pescar, e por aí vai.

Entretanto aqui começa algo que eu não estava esperando mesmo nessa história: Alguém precisa dar seu hamster de estimação aos prantos, outra precisa desenterrar o próprio irmão e a coisa vai piorando cada vez mais, com a pilha de significados crescendo e eles acreditando que isso irá convencer Pierre a entender que as coisas significam, afinal todos deram algo importante de si por essa causa.

Este livro é extremamente difícil de ler quando as coisas começam a passar dos limites e eu não digo isso por ficar ruim, mas sim por ele causar desconforto. Este livro começa despretensioso, mas se torna cruel, agressivo até. Nada ali é previsível, chega um ponto da história que podemos esperar qualquer coisa e mesmo tempo não queremos que mais nada aconteça, pois já foi o suficiente. Nós começamos a entender o lado de Pierre, concordamos com ele, porque nada daquilo parece significar algo como deveria significar.

(…) então, um calafrio percorreu meu corpo enquanto eu pensava em quantas pessoas diferentes podem haver dentro de uma só pessoa. Forte e fraco. Leal e desleal. Valente e covarde.

Essa é uma leitura rápida, mas que faz com que fiquemos pensando nela por um bom tempo. Digerir tudo o que aconteceu, as conclusões e o impacto dela em nossa própria vida leva uns dias e, particularmente, acredito que para mim ela sempre vai surgir em mente quando eu precisar pensar em algo que tenha significado em minha vida e na vidas das pessoas que são próximas à mim.

De todo mais há algumas semelhanças interessante com O Senhor das Moscas, acredito que por termos crianças “no comando” de uma situação em que esperamos que seja resolvida por adultos para não sair do controle. Acredito que é uma leitura que não irá agradar a todos os leitores, mas ainda assim irá causar reflexão de alguma forma.

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