[Resenha] Joyland

Redação

Quando Stephen King, imortalizado como mestre do horror, decide se embrenhar pelos caminhos do drama, da alma humana e de sentimentos tão intensos como perda e amadurecimento, inevitavelmente produz obras únicas, incríveis e fascinantes. Não foram poucas as vezes em que ele encantou (e emocionou) seus leitores fiéis com histórias que tocavam e mexiam com sentimentos. À Espera de um Milagre talvez seja o exemplo mais famoso, e a ele, pode se juntar, agora, Joyland.

O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer. Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma.

Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença grave. (Resenha: Joyland – Stephen King)

Traduzindo a essência dos parques de diversões das décadas de 1970 e 80, Joyland é um livro carregado de nostalgia. Seu enredo básico trata da história de um jovem universitário e seu trabalho no parque Joyland, um local que carrega em sua trajetória o misterioso assassinato, jamais solucionado, de uma garota.

Como não poderia deixar de ser, o espírito da jovem ainda assombra o trem fantasma em que ela foi morta. Pelo menos é isso que contam. A partir desse resumo basicão, você pode ler Joyland como uma descompromissada e divertida história sobre uma temporada de funcionamento de um parque de diversões e todos os acontecimentos, alguns fantásticos, que ocorreram nesse período. Tudo sob a perspectiva do jovem Devin.

Entretanto, se você estiver disposto a ir além, Joyland oferece essa possibilidade. A temporada de trabalho de Devin no parque é um período intenso de crescimento pessoal de um garoto às voltas, pela primeira vez, com questões como o término de uma relação carregada de amor, as decisões sobre seguir em frente na faculdade, as dúvidas frente aos obstáculos que aparecem no caminho…

A isso vão se somar novas experiências como um primeiro emprego totalmente diferente (um parque de diversões, caramba!), o mistério do assassinato de uma jovem quase da sua idade, e uma doença mortal pairando sobre alguém ainda com tanta vida pela frente.

King não escreveu terror, tampouco tinha intenção de assustar os leitores. Em Joyland, o mestre decidiu mexer com sentimentos ao contar uma história de perdas e ganhos, como em síntese é a vida. Assim, acabou produzindo alta literatura em cima do clichê de “aproveite cada minuto da sua vida porque tudo é passageiro”.

Devin Jones é confrontado com situações que todos nós passamos em nossa vida e que diversos autores já exploraram em dezenas de contos e livros. Mas Stephen King dá um toque especial ao colocar tudo isso no cenário mágico e de sonhos de um parque de diversões.

Joyland é um livro triste construído dentro de um ambiente festivo. Barraquinhas de jogos com prêmios, algodão doce, a velha que advinha o futuro, a roda gigante e o trem fantasma. Vivendo no lugar onde todos os sonhos são possíveis, a realidade, sem fantasia, de um assassinato ou de um garoto preso a uma cadeira de rodas é cruel.

Os toques de sobrenatural são apenas isso, pinceladas “elegantes” em uma trama sobre pessoas praticamente reais vivendo um período complicado de suas vidas e mostrando, a nós leitores, como não adianta chorar ou se lamentar, porque tudo vai inexoravelmente seguir em frente. Sempre.

Quando decide se aventurar pelo drama, Stephen King faz poesia. Joyland é um de seus mais belos (e tristes) poemas.

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