Mesmo estando um tanto quanto ressabiado com escritores noruegueses, o aval de Michael Connelly, meu autor favorito, na capa de O Redentor pôs um fim a minha resistência, que se mostrou infundada.
Uma garota de quatorze anos é estuprada em um acampamento do Exército da Salvação. Doze anos depois um matador de aluguel está a solta em Oslo, e após assassinar um membro da mesma instituição, cabe ao inspetor Harry Hole capitanear a busca pelo homicída.
Embora o início do livro seja um pouco lento, Nesbo não demora a capturar a atenção do leitor, dando início a uma caçada de tirar o fôlego. Além de uma narrativa impecável, o autor demonstra a sua genialidade ao compor uma estória que aparenta ser simples, mas que revela sua crescente complexidade ao findar de cada capítulo. A trama, mesmo sendo intricada, não deixou pontas soltas no final.
Os personagens de O Redentor são um capítulo a parte. Todos, absolutamente todos, foram bem construídos. Muitos autores limitam-se a dar um nome e uma profissão a seus personagens. Nesbo vai além e lhes confere personalidades extremamente realistas. Destaque para Harry Hole, o inspetor ex-alcoólatra que ainda luta contra o vício.
Minha única crítica é o exagero de referências a um caso anterior que Hole trabalhou, o que, deduzo, seja a trama de outro livro. Se você é autor e quer mencionar algo que aconteceu em um livro anterior da série, sem problemas, mas cuidados com spoilers, por favor!
Mesmo que não tenha prejudicado minha leitura, sinto-me obrigado a registrar que alguns diálogos são em inglês. Imagino que na Noruega seja natural falar mais de um idioma, e por isso não deve ter soado estranho a utilização deste recurso naquele país. Mas fique tranquilo, pois estes diálogos são compreensíveis para quem conhece o mínimo da língua, além de não serem freqüentes.
Encerro declarando o óbvio: Nesbo sabe conduzir um livro policial como poucos autores. Não é por menos que Michael Connelly afirmou que: “Jo Nesbo é meu novo autor de romances policiais preferido, e Harry Hole, meu novo herói.”