[Resenha] Jo Nesbø – O morcego: 1

Redação

O Morcego é o primeiro livro da série de Jo Nesbø protagonizada pelo investigador Harry Hole. A editora Record já havia publicado do terceiro ao oitavo volumes, tendo sido os dois últimos, Boneco de Neve e O Leopardo, lançados com o mesmo padrão de capa. Agora, tanto o primeiro quanto o segundo livros chegaram às livrarias, e provavelmente os volumes de número três a seis serão relançados com o novo design. E então restarão os nono e décimo livros serem traduzidos, sendo que há previsão de publicação do 11º na Noruega em 2017.

Aqui não só acompanhamos o primeiro caso de Harry Hole narrado ao leitor como também conhecemos mais de seu passado, a fim de compreender seus traumas e o que o levou ao alcoolismo. Em O Morcego, Hole vai à Austrália investigar o assassinato de uma jovem norueguesa, e acaba descobrindo que o caso é muito mais complexo do que inicialmente aparentava.

Em terceira pessoa, a história é narrada pela perspectiva de Hole, mas também assume a visão de outras personagens. Ainda, senti uma maior agilidade na narrativa, principalmente em decorrência do número de diálogos e de frases mais curtas, algo que suavemente foi se alterando no transcorrer da série. Por tê-la iniciado do sétimo livro, conheci uma escrita mais amadurecida de Jo Nesbø, bem como também amadureceu seu domínio narrativo e capacidade de criação da trama.

Com isso, quero dizer que tive uma experiência bastante diferente das demais dessa vez. Ao invés de uma leitura frenética, que me cativou desde o início, tive dificuldade de me prender às páginas, e não senti aquela angústia característica de tramas do gênero, provocada principalmente pela curiosidade na resolução.

O caso é apresentado ao leitor sem algum elemento extra que provoque suspense, então todos os fatos iniciais são dados com relativa calma, e sem a atmosfera de um thriller. Contudo, devo acrescentar que fiz a leitura em um momento de cansaço, então muito provavelmente meu sono também prejudicou meu envolvimento.

Ainda que os elementos como um todo tenham um ar um pouco mais superficiais, se comparados ao grau de complexidade narrativa e do enredo em si atingido por Jo Nesbø em Boneco de Neve e O Leopardo, outros fatores característicos da série já estavam presentes em O Morcego, mesmo que de maneira mais singela. Entre eles, é possível citar a personalidade em si de Harry Hole, um tanto quanto problemática; um contexto político e social como pano de fundo, bastante relevante na trama; e a citação, ao longo da narrativa, de fatores aparentemente insignificantes, mas que, no momento certo, acabam por revelar seu propósito – o que demonstra a habilidade do autor ao desenvolver o romance.

Em linhas gerais, O Morcego ficou aquém das minhas expectativas por meu contato prévio com a série ter sido em sua fase já amadurecida, com notável evolução do trabalho do de Jo Nesbø como escritor. De qualquer maneira, gostei do enredo e de sua resolução, ainda que meu envolvimento com a leitura tenha deixado a desejar. Aos fãs da série, certamente vale a pena conhecer seu início, além de também recomendar a leitura aos fãs de thrillers policiais, principalmente por causa dos volumes futuros.

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