[Resenha] Infiltrado na Klan

Goutyne
By Goutyne

Infiltrado na Klan foi um dos últimos livros que tive o prazer de ler. Ele conta a história de Ron Stallworth, um policial negro que nos anos 70 conseguiu se tornar membro da KKK em uma investigação. Parece bem estranho que isso tenha ocorrido, né? Mas é uma história e tanto, que até já foi adaptada para o cinema com direção de Spike Lee.

Pode parecer mas o livro não é uma biografia. O foco é apenas a investigação relacionada ao KKK e em como foi para os policiais envolvidos conseguir esconder a verdadeira identidade de Ron, já que para começo de conversa ele acabou dando o seu verdadeiro nome para Ken O’Dell (o então lider na cidade de Colorado Springs). Ron foi o primeiro policial negro nessa cidade e nos anos 70 isso era um grande desafio, mas ele nunca abaixou a cabeça para seus opressores e sempre trabalhou acreditando na igualdade dos homens.

Após alguns meses como oficial de arquivo ele acabou conseguindo uma investigação infiltrado, que foi justamente durante um evento em que um membro dos Panteras Negras iria discursar para um grupo de estudantes e comunidade negra na cidade. Essa é uma parte em que já podemos ver como Ron pensa e, para mim, é um pouco inocente. Por ele acreditar na igualdade algumas vezes ele não enxerga de verdade a luta que as pessoas negras tem que travar com as pessoas brancas e racistas para conseguir seu lugar. Algumas vezes eu fiquei com um pouco de raiva dele, mas até entendo que naquela época ainda eram poucas pessoas que protestavam contra o racismo e como ele oprime em todos os sistemas da nossa sociedade.

Se um homem negro, auxiliado por um punhado de brancos e judeus bons, decentes, dedicados, de mente aberta e liberais, pode conseguir prevalecer sobre um grupo de racistas brancos, fazendo-os parecer idiotas, ignorantes que realmente são, então imagine o que uma nação de indivíduos que compartilham das mesmas ideias pode conseguir.

O livro é bem curto, então ele chega muito rápido naquela que estamos curiosas para ler: como ele conseguiu se infiltrar na Klan e como foi sua investigação. Ron encontra um anuncio do grupo no jornal e decide entrar em contato. Naquela época tudo era feito por correspondências e telefone, então demorou alguns dias até ele receber um contato e ao conversar com Ken O’Dell por telefone ele logo cometeu o erro de dizer seu verdadeiro nome e marcar um encontro com o líder regional. Claro que ele não poderia ir no encontro, então acabou chamando o investigador Chuck para ir em seu lugar. A ideia parece toda absurda e que nunca iria dar certo nos dias atuais, mas funcionou muito bem para esse pequeno grupo.

Muitas situações divertidas acontecem, pois é um grande sabor rir do quanto homens brancos, racistas e que se acham superiores, conseguiram ser burros ao não reparar que as vozes era diferentes, por exemplo. Ao contrário do filme no livro não há situações muito óbvias para eles descobrirem a verdade, então é muito legal ver o quanto a equipe conseguiu ser cirúrgica nessa investigação. Ele conseguiu a carteira de membro da KKK, quase se tornou líder regional do grupo, e ainda tirou uma foto abraçando o líder do país naquela época. Sério, é livro que não tem como não ser divertir, e que bom que ele conseguiu deixar o clima todo menos pesado. Honestamente eu não consigo nem imaginar as coisas que ele deve ter ouvido esses homens falarem e todas as coisas que eles queriam fazer.

Tradicionalmente, a queima das cruzes ou “cerimônia de incendiar cruzes” é considerada uma celebração religiosa. Atear fogo num símbolo religioso nunca foi visto pelos membros da Klan como um sinal de profanação; sempre foi encarado como uma representação honrosa de sua fé e crenças cristãs. Mas, ao longo da história, eles usaram isso para causar terror naqueles que temiam a força e a tira da Klan. Em outras palavras, desde a sua fundação a KKK e seus membros dedicaram-se a causa do terrorismo doméstico.

Eu indico muito esse livro para quem gosta dessa temática e ele é ótimo para conhecer um pouco mais da situação social dos norte-americanos negros naquela época de uma forma diferente do circulo dos Panteras Negras. Ainda mais por ele ser um policial, um símbolo de opressão, há lados da moeda que nem sempre é debatida. E o filme, mesmo com as diferenças, é uma excelente adaptação das principais situações de Ron e Chuck.

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